"Na verdade, a Ucrânia não é um país democrático. Quanto mais observo o que está acontecendo lá, mais penso no caminho da modernização de Augusto Pinochet, personagem que além disso é admirado pelos nossos neoliberais. Por muito tempo, os crimes do regime Pinochet não foram investigados. Mas no final, a humanidade descobriu a verdade. Só espero que na Ucrânia isso aconteça mais cedo".
Zelensky, de celebridade populista a neoliberal impopular estilo Pinochet
– Testemunho de uma ucraniana que vive nos EUA
Olga Bayasha
Zelensky.
Olga Baysha nasceu em Karkov, um dos principais centros educacionais e científicos da Ucrânia, formando-se na Universidade de Kharkov. Dedicou-se ao jornalismo até emigrar para os EUA, onde se doutorou na Universidade do Colorado. Galardoada com vários prémios universitários é autora dos livros: "The Mythologies of Capitalism and the End of the Soviet Project", "Miscommunicating Social Change: Lessons from Russia and Ukraine", "Democracy, Populism, and Neoliberalism in Ukraine: On the Fringes of the Virtual and the Real".
Olga Bayasha, crítica da invasão russa, manifesta a sua inquietação perante as destruições na sua pátria, tanto mais que os seus pais continuam a viver em Kharkov.
Da extensa entrevista dada a Natylie Baldwin [1], com o título O verdadeiro Zelensky: de celebridade populista a impopular neoliberal ao estilo Pinochet publicada originalmente em The Greyzone, o seu testemunho sobre a Ucrânia pós 2014 e principalmente sobre Zelensky após assumir o poder, desmonta totalmente a imagem de impoluto herói na defesa dos mais elevados valores. Os factos que Olga Bayasha relata e a sua vivência deixam ainda mais a claro o baixo nível dos "valores" com que UE e NATO comprometem os povos. O seu relato não deixa margem para dúvidas sobre o carácter fascista de Zelensky e do seu regime.
Trata-se de um texto fundamental quer para compreender a tragédia que desde 2014 assola a Ucrânia, agravada com Zelensky, quer para reflexão sobre as estratégias através das quais o fascismo é difundido no seio das populações. Enquanto Zelensky é diariamente endeusado nos media, testemunhos como os de Olga Bayasha são escamoteados para que os povos apoiem a guerra e ignorem as suas causas.
Seleção e notas de DVC
"O que nos uniu (aos jovens) foi o desejo de ocidentalização, a nossa incompreensão das contradições sociais que caracterizavam a transição pós-soviética e a surdez às preocupações dos trabalhadores contrários à reforma. Aos nossos olhos, estes últimos não entendiam o que era civilização. Nós considerávamo-nos uma vanguarda. Fomos nós – os trabalhadores dos media – que criámos um ambiente favorável à neoliberalização da Ucrânia. Neoliberalização rimava com ocidentalização e civilização. Mas teve toda uma série de consequências desastrosas para a sociedade. Só percebi isso anos depois".
"Nos círculos sociais onde eu morava – leste da Ucrânia – havia muito poucas pessoas preocupadas com a questão da identidade étnica. A Ucrânia é um país complexo e dividido, cujo extremos leste e oeste têm visões diametralmente opostas. Muitos ucranianos apoiaram a ideia de um divórcio político da Rússia porque esperavam que assim a Ucrânia estivesse melhor economicamente – era isso que os folhetos de propaganda nos prometiam. Essa esperança económica não se concretizou. De muitas maneiras, o colapso da União Soviética mudou radicalmente a vida das pessoas para pior devido à neoliberalização da Ucrânia que levou à mercantilização da esfera social e à ruína do estado de bem-estar social."
"As pesquisas de opinião permitem-nos avaliar a popularidade de Zelensky: 72% dos ucranianos não apoiaram a sua reforma agrária, florão do programa neoliberal de Zelensky, porém, apesar da indignação pública foi posta em prática. A sua popularidade caiu de 73% na primavera de 2019, para 23% em janeiro de 2022. A razão é simples: um profundo sentimento de traição. As pessoas perceberam que haviam sido enganadas mais uma vez – as reformas foram realizadas no interesse não dos ucranianos, mas do capital global".
"A vitória de Zelensky e seu partido foi surpreendente (Zelensky foi eleito prometendo a paz). Seu partido posteriormente transformou-se numa máquina parlamentar encarregada de elaborar e aprovar reformas neoliberais. O argumento básico apresentado no meu livro é que essa vitória surpreendente só pode ser explicada pelo êxito da série de televisão que, como muitos observadores acreditam, serviu de plataforma eleitoral informal para Zelensky. Ao contrário do seu programa oficial, que tinha apenas 1 601 palavras e poucos detalhes políticos, os 51 episódios de meia hora de seu programa forneciam aos ucranianos uma visão detalhada do que precisava ser feito para o progresso da Ucrânia".
"A mensagem de Zelensky através de seu programa é claramente populista. O povo ucraniano é retratado como um todo homogéneo e sem problemas, desprovido de divisões internas, do qual apenas os oligarcas, políticos e funcionários corruptos são excluídos. O país só ficaria saudável depois de se livrar dos oligarcas e seus fantoches. Alguns deles estão presos ou fugiram do país; os seus bens foram confiscados sem qualquer respeito pela legalidade. Zelenski como presidente fez o mesmo em relação a seus rivais políticos".
"Curiosamente, o programa ignorou o tema da guerra do Donbass, que eclodiu em 2014, um ano antes da série começar a ser exibida. Sendo as relações Maidan e Rússia-Ucrânia questões altamente divisoras da sociedade ucraniana, Zelensky ignorou-as para não comprometer a unidade de sua nação virtual, seus espectadores e, em última análise, seus eleitores."
"As promessas eleitorais de Zelensky, feitas na fronteira entre o real e o virtual, eram principalmente sobre o "progresso" da Ucrânia. “Progresso” sendo entendido como “modernização”, “ocidentalização”, “civilização” e “normalização”. Este discurso progressista e modernizador permitiu a Zelensky camuflar os projetos de reforma neoliberal, lançados apenas três dias após a chegada do novo governo ao poder. Foi somente depois de consolidar o seu poder presidencial, estabelecendo o controle total sobre os poderes legislativo e executivo, que Zelensky deixou claro que a "normalização" e "civilização" da Ucrânia significava a privatização da terra e dos serviços públicos, a desregulamentação das condições de trabalho, a redução do poder dos sindicatos e o aumento dos preços dos serviços públicos".
"A mudança de poder após a revolução Maidan em 2014, marcou o início de uma nova era na história da Ucrânia em termos de influência ocidental nas decisões soberanas do país. Desde que a Ucrânia declarou a independência, em 1991, essa influência sempre existiu. Câmara de Comércio dos EUA, Centro de Relações EUA-Ucrânia, Conselho Empresarial EUA-Ucrânia, Associação Empresarial Europeia, FMI, Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento, OMC, UE, todas essas instituições reguladoras e de lóbi influenciaram significativamente as decisões políticas na Ucrânia. Aivaras Abromavičius, cidadão da Lituânia, tornou-se ministro da Economia e Comércio da Ucrânia; Alexander Kvitashvili, cidadão da Geórgia, tornou-se ministro da Saúde. Em 2016, Ulana Suprun, cidadã norte-americana, foi nomeada ministra interina da Saúde. Outros estrangeiros ocupavam posições de escalão mais baixo. Escusado será dizer que todas essas nomeações resultaram não da vontade dos ucranianos, mas das recomendações das instituições neoliberais globais, o que não é surpreendente, já que o Maidan não foi apoiado por metade do povo ucraniano".
"A maioria dos “outros” anti-Maidan reside nas regiões do sudeste. Quanto mais para leste se olha, mais forte e consistente é a rejeição do Maidan e da sua agenda europeísta. Mais de 75% das pessoas que vivem nos distritos de Donetsk e Lugansk (duas regiões orientais da Ucrânia habitadas principalmente por falantes de russo) não apoiaram Maidan, enquanto apenas 20% das pessoas que vivem na Crimeia o apoiaram. Estes números estatísticos, fornecidos pelo Instituto de Sociologia de Kiev em abril de 2014, não impediram instituições ocidentais de argumentarem que o Maidan era a revolta do "povo ucraniano" apresentado como um todo homogéneo; um engano ideológico muito eficaz".
"Zelensky foi mais longe. No início de fevereiro de 2021, os três primeiros canais de TV da oposição – NewsOne, Zik e 112 Ukraine – foram fechados. Outro canal da oposição, o Nash, foi banido em 2022, antes do início da guerra. Após a eclosão do conflito em março, dezenas de jornalistas independentes, bloguistas e analistas foram presos; a maioria deles tem visões de esquerda. Em abril, canais de TV de direita – Channel 5 e Pryamiy – também foram fechados. Além disso, Zelensky assinou um decreto obrigando todos os canais ucranianos a transmitir unicamente a visão pró-governo sobre a guerra".
"Na minha opinião, Zelensky está a usar a guerra para reforçar tendências ditatoriais dentro de seu regime de governo. Essas tendências surgiram logo após a sua chegada ao poder, quando criou uma máquina partidária para controlar o parlamento e aprovar reformas neoliberais sem debates e independentemente da opinião pública".
"Depois que o seu apoio popular entrou em colapso em 2021, Zelensky lançou um processo inconstitucional de sanções extrajudiciais contra oponentes políticos. Essas sanções foram impostas pelo Conselho Nacional de Segurança e Defesa (CNSD), envolvendo a apreensão extrajudicial de bens sem qualquer evidência de atividades ilícitas por parte das pessoas físicas ou jurídicas envolvidas. Entre os primeiros a serem sancionados pelo CNSD estavam dois deputados parlamentares da plataforma de oposição 'Pela Vida' (OPZZh) – Victor Medvedchuk (que mais tarde foi preso e exibido na TV com o rosto espancado após interrogatório) e Taras Kozak (que conseguiu fugir da Ucrânia), bem como membros de suas famílias. Isso aconteceu em fevereiro de 2021. Em março de 2022, 11 partidos da oposição foram banidos. As decisões de banir os partidos da oposição e sancionar os líderes da oposição foram tomadas pelo CNSD e implementadas por decretos presidenciais".
"A Constituição da Ucrânia estipula que o CNSD é um órgão de coordenação: “coordena e controla a atividade dos órgãos do poder executivo no campo da segurança e defesa nacional”. Isto não tem nada tem a ver com processar opositores políticos e confiscar os seus bens – o que o CNSD faz desde 2021. Escusado será dizer que estes métodos do regime Zelensky são inconstitucionais – só os tribunais podem decidir quem é culpado ou não, e confiscar a propriedade. Os tribunais ucranianos estão relutantes em fazer de marionetas de Zelensky. O presidente do Tribunal Constitucional ucraniano, Oleksandr Tupytskyi, chamou às reformas inconstitucionais de Zelensky: “golpe de Estado”. Zelensky, portanto, não teve escolha a não ser confiar ao CNSD a promoção das suas políticas impopulares. Em 27 de março de 2021, violando a Constituição ucraniana, Zelensky assinou um decreto revogando a nomeação de Tupytskyi como juiz do Tribunal Constitucional".
"Sob o governo de Estaline, o NKVD criou "troikas" para emitir condenações após investigações simplificadas e rápidas, e sem um julgamento público e justo. O que vemos no caso do CNSD é um desenvolvimento muito semelhante, exceto que os processos inconstitucionais do CNSD têm um número maior de participantes: uma única reunião do CNSD pode decidir o destino de centenas de pessoas. Somente em junho de 2021, Zelensky implementou uma decisão do CNSD de impor sanções a 538 indivíduos e 540 empresas".
"O site nacionalista Myrotvorets foi iniciado em 2015 "por um deputado que ocupa um cargo consultivo no Ministério do Interior da Ucrânia". É assim que o relatório da ONU descreve Anton Gerashchenko, ex-assessor do ex-ministro da Administração Interna Arsen Avakov. Foi sob o patrocínio de Avakov que em 2014 os Batalhões Nacionalistas de Supressão foram criados para serem enviados ao Donbass para suprimir a resistência popular contra o Maidan. Myrotvorets fazia parte da estratégia geral de intimidar os adversários do golpe. Qualquer “inimigo do povo”, isto é, qualquer um que ouse expressar publicamente visões anti-Maidan ou ouse desafiar a agenda nacionalista da Ucrânia – pode encontrar-se neste web site".
"Os endereços de Oles Buzina, um famoso jornalista, morto a tiro por nacionalistas perto de sua casa em Kiev, e Oleg Kalashnikov, um deputado da oposição morto por nacionalistas em casa, também foram listados no Myrotvorets, ajudando os assassinos a encontrar as suas vítimas. Os nomes dos assassinos são bem conhecidos, mas eles não estão presos, porque na Ucrânia contemporânea, onde a vida política é controlada pelos radicais, eles são considerados heróis".
"O site não foi fechado, mesmo depois que um escândalo internacional estourou: Myrotvorets publicou os dados pessoais de políticos estrangeiros conhecidos, incluindo o ex-chanceler alemão Gerhard Schröder. No entanto, ao contrário de G. Schröder, que reside na Alemanha, os milhares de ucranianos cujos dados estão no Myrotvorets não se sentem seguros. Todos os presos em março de 2022 também foram listados no Myrotvorets. Eu pessoalmente conheço alguns deles – Yuri Tkachev, editor do jornal Timer de Odessa e Dmitry Dzhangirov, editor do Capital, um canal do YouTube".
"Muitos daqueles cujos nomes aparecem em Myrotvorets conseguiram fugir da Ucrânia após o Maidan; outros conseguiram fazê-lo após as prisões em massa em março passado. Um deles é Tarik Nezalezhko, colega de Dzhangirov. Em 12 de abril de 2022, quando já estava seguro fora da Ucrânia, ele postou uma mensagem no YouTube, referindo-se ao CNSD como "Gestapo" e aconselhando seus assinantes sobre como evitar o perigo de serem capturados por esses agentes".
"O que vemos na Ucrânia é uma aliança de nacionalistas e liberais baseada na intolerância comum à Rússia e a todos aqueles que defendem a cooperação com ela".
"Na verdade, a Ucrânia não é um país democrático. Quanto mais observo o que está acontecendo lá, mais penso no caminho da modernização de Augusto Pinochet, personagem que além disso é admirado pelos nossos neoliberais. Por muito tempo, os crimes do regime Pinochet não foram investigados. Mas no final, a humanidade descobriu a verdade. Só espero que na Ucrânia isso aconteça mais cedo".
"Desde os primeiros dias dos protestos, os nacionalistas radicais têm sido os combatentes mais ativos do Maidan. A unidade entre os liberais associando o Euromaidan com progresso, modernização, direitos humanos e os radicais cooptando o movimento para sua agenda nacionalista foi um pré-requisito importante para transformar o protesto cívico em luta armada, resultando num derrube inconstitucional do poder. O papel decisivo dos radicais na revolução Maidan também se tornou um fator crucial na formação de um movimento de massas anti-Maidan no leste da Ucrânia, um movimento contra o "golpe", como o sector hegemónico anti-Maidan batizou a mudança de poder em Kiev. Pelo menos em parte, o que estamos testemunhando hoje é o trágico resultado dessa aliança malfadada e míope formada durante o Maidan".
"O próprio Zelensky como candidato nunca expressou opiniões de extrema-direita. “Devemos desenvolver e adotar leis e decisões que consolidem a sociedade, e não o contrário”, afirmava Zelensky-candidato em 2019. No entanto, após assumir o cargo presidencial, Zelensky voltou-se para a agenda nacionalista do seu antecessor. Em 19 de maio de 2021, o seu governo aprovou um plano de ação para a promoção da língua ucraniana em todas as esferas da vida pública, um plano estritamente de acordo com a lei linguística de Poroshenko, para deleite dos nacionalistas e consternação dos falantes de russo. Zelensky não fez nada para processar os radicais por todos os crimes que cometeram contra adversários políticos e o povo do Donbass. O símbolo da transformação direitista de Zelensky manifestou-se através do apoio que lhe foi dado pelo nacionalista Medvedko, um dos acusados do assassinato de Oles Buzina. Medvedko apoiou publicamente a proibição de Zelensky de canais de oposição em língua russa em 2021".
"Os propagandistas podem repetir o mantra “Zelensky é judeu, então ele não pode ser nazista” quantas vezes quiserem. Mas a verdade é que os radicais controlam o processo político na Ucrânia através da violência contra aqueles que ousam opor-se às suas agendas nacionalistas e supremacistas. O caso de Anatoliy Shariy – um dos bloguistas mais populares da Ucrânia vivendo no exílio – é um bom exemplo para ilustrar esse ponto. Não apenas ele e seus familiares recebem ameaças de morte constantemente, mas os radicais constantemente intimidam ativistas de seu partido (proibido por Zelensky em março de 2022), espancando-os e humilhando-os. Os radicais ucranianos chamam isso de “safaris políticos”.
"Neste momento, Zelensky é a figura mais influente no cenário mundial em relação a um conflito que terá sérias implicações se aumentar. Este é precisamente o tipo de cenário que parece contrário à diplomacia. Acompanho regularmente os discursos de guerra de Zelensky, e posso dizer com certeza que a forma como ele apresenta o conflito dificilmente pode levar a uma solução diplomática, pois ele repete constantemente que as forças do bem são atacadas pelas forças do mal. O que está excluído deste quadro mítico de referência para a guerra é o contexto mais amplo dos eventos: o facto de a Ucrânia ter-se recusado durante anos a implementar os acordos de paz de Minsk, assinados em 2015 após a derrota do exército ucraniano na guerra em Donbass. De acordo com esses acordos, o Donbass receberia autonomia política dentro da Ucrânia – um ponto inconcebível e inaceitável para os radicais".
"Em vez de implementar esse documento, ratificado pela ONU, Kiev lutou no Donbass ao longo da linha de demarcação durante oito longos anos. A vida dos ucranianos que vivem nesses territórios se transformou-se num pesadelo. Para os radicais, cujos batalhões lutaram lá, os habitantes do Donbass não merecem piedade nem indulgência".
"A guerra atual é uma continuação da guerra de 2014, que começou quando Kiev enviou tropas ao Donbass para reprimir a rebelião anti-Maidan sob o pretexto da chamada "operação antiterrorista". O reconhecimento deste contexto mais amplo não pressupõe a aprovação da "operação" da Rússia, mas implica o reconhecimento de que a Ucrânia também é responsável pelo que está acontecendo. Enquadrar a questão da guerra atual em termos de luta da civilização contra a barbárie ou da democracia contra a autocracia não passa de manipulação. É fundamental entender a situação. A fórmula de Bush “ou você está connosco ou está com os terroristas” é propagada por Zelensky nos seus apelos ao “mundo civilizado”.
"Para vender essa história unidimensional para o mundo, as habilidades artísticas de Zelensky parecem inestimáveis. Ele está finalmente no palco mundial e o mundo aplaude. O ex-ator nem tenta esconder sua satisfação. Respondendo a uma pergunta de um jornalista francês em 5 de março de 2022 sobre como sua vida havia mudado com o início da guerra, Zelensky respondeu com um sorriso cheio de prazer: “Hoje minha vida é bela. Acredito que sou necessário. Acho que esse é o sentido mais importante da vida – ser útil. Sentir que você não é apenas um vazio que só respira, anda e come. Você vive".
"Para mim, esta construção é alarmante: implica que Zelensky aproveita a oportunidade única oferecida pela guerra de se apresentar no cenário mundial. Ela tornou a sua vida bela; ele vive. Ao contrário de milhões de ucranianos cuja vida não é nada boa e outros milhares que já não estão vivos".
"A parte mais trágica de toda a história pós-Maidan, é exatamente esse sentimento de superioridade que impediu as forças "progressistas" pró-Maidan de encontrarem uma linguagem comum com seus compatriotas pró-russos "atrasados". Isso levou ao levantamento do Donbass, à "operação antiterrorista" do exército ucraniano contra o Donbass, à intervenção da Rússia, ao não cumprimento dos acordos de paz de Minsk e, finalmente, à guerra atual".
28/Abril/2022
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