quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Texto de Mário Cruz, da Agência Lusa, publicado na AbrilAbril, sobre fuga de João Rendeiro...

 

|JUSTIÇA

A «justiça injusta» de João Rendeiro

A fuga do ex-presidente do banco vocacionado para gerir fortunas, mais do que uma dor de cabeça para a Justiça, é um insulto aos portugueses, que voltam a assistir à impunidade de práticas de corrupção. 

 

CréditosMário Cruz / Agência Lusa

Quando esta terça-feira se conheceu a condenação a três anos e seis meses de prisão efectiva num processo por crimes de burla qualificada, avisado, o ex-presidente do Banco Privado Português (BPP) já estava a salvo, certamente num país sem acordos de extradição para Portugal. 

No mesmo dia, o próprio afirmou num post publicado no seu blogue que tinha tomado a «opção difícil» de não regressar perante o que classificou de «justiça injusta». Entretanto, o advogado de João Rendeiro fez a sua parte. Disse que não sabia nem queria do seu cliente, e que este saiu do País «em liberdade» (tal como afirmava Fátima Felgueiras em 2003), embora não seja este o único processo judicial em que o ex-banqueiro está implicado. 

João Rendeiro, que a poucos dias do colapso do banco lançou o livro Testemunho de um Banqueiro, com o subtítulo A história de quem venceu nos mercados e um autocolante onde anunciava dez conselhos para investir «com segurança», já tinha sido condenado em Maio, juntamente com outros ex-administradores do BPP, a dez anos de prisão efectiva, por crimes de fraude fiscal, abuso de confiança e branqueamento de capitais.

O banco vocacionado para gerir grandes fortunas faliu em 2008 com uma dívida de 700 milhões de euros e vários clientes lesados. Um ano antes, o BPP pagou milhões de euros em dividendos aos seus accionistas, como Balsemão e o próprio Rendeiro.

A par dos escândalos da banca privada que os portugueses tão bem conhecem, já que acabaram por rebentar na sua algibeira, o atraso com que são levados à Justiça (Rendeiro só começou a responder em 2014, assistido então por José Miguel Júdice) e a facilidade de fuga dos seus responsáveis são mais uma acha para a fogueira do populismo, reforçando a convicção de haver uma «Justiça para ricos» e outra para os que vivem dos seus rendimentos.  

A ministra da Justiça reconheceu esta tarde que a fuga de Rendeiro gera «um grande desconforto social» e «entre agentes da Justiça». Mas não chega falar do óbvio. Tão certo como a promiscuidade e a subordinação do poder político ao económico criarem condições para o florescimento da corrupção, é o facto de, entre outros aspectos, a Justiça precisar de um reforço de meios para que não se continuem a somar escândalos como este.

Sucessivos governos têm passado ao lado desta questão como quem passa por vinha vindimada, mas enquanto não se corrigir a carência de meios materiais e humanos, questão que afecta, por exemplo, o trabalho realizado pelo Ministério Público, é a democracia que paga a factura. 

TÓPICO

terça-feira, 28 de setembro de 2021

Texto de Martinho Júnior, sobre as questões climáticas e o Sul Global...

 

Martinho Júnior está com Jose Silva e 20 outras pessoas.

A PUBLICAR NO PÁGINA GLOBAL...
JÁ PUBLICADO EM VERSÃO COMPLETA NO VK.
OPÇÃO PELA VIDA – III.
A PARTIR DA DIALÉTICA IMPLICADA NA PRÓPRIA ESSÊNCIA DA MÃE TERRA!
África, por tabela Angola, estão a pagar um pesado ónus em função das alterações climáticas: sendo os mais pequenos produtores de gases com efeito de estufa na escala planetária, uma das principais causas dessas alterações, são as principais vítimas, além do mais por que muitas das suas extensões são em grande parte cobertas pelos desertos mais quentes do globo, que agora estão em ainda mais rápida expansão!
Angola está assim ameaçada a partir do Kalahári e do deserto quente mais antigo do mundo, o do Namibe, com essa ameaça a invadir paulatinamente a pérola pujante de vida que é a região central das grandes nascentes a partir do sul!
O actual executivo angolano está empenhado em travar uma luta contra a seca que se espalha por todo o sul afectando o Namibe, o Cunene, o Cuando Cubango e algumas regiões de Benguela, do Moxico, do Bié e até da Huila, todavia, ainda não se ganhou a consciência em Angola no sentido de estudar investigativa e cientificamente a região central das grandes nascentes, muito menos de empenhar uma vasta mobilização popular e comunitária para fazer face às ameaças correntes e futuras…
O carácter actual do estado angolano é avesso a tal mobilização, em resultado dos impactos neoliberais que destruíram a República Popular de Angola e tiveram corolário no Acordo de Bicesse a 31 de Maio de 1991, moldando-o e conformando-o no sentido da colonização mental do termo!
Apesar dos esforços governamentais, ao se fazerem tardar as indispensáveis soluções de fundo que envolvem questões antropológicas, sociopolíticas e psicológicas de vulto, os esforços correntes assemelham-se a paliativos cujos resultados podem, ainda por cima, acarretar malparadas ilusões!
Deste modo, não se fez, nem se está a proceder, à descolonização mental, apesar de se ter consumado a autodeterminação!
Só com uma dose imprescindível de independência e de soberania se vai poder lutar contra o subdesenvolvimento agravado desde Bicesse, mas para isso se torna inadiável implicar soluções que mobilizem, no colectivo e de forma patriótica, todo o povo angolano!...
Tu, Manuel Caçador e 15 outras pessoas
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4 comentários

  • Martinho Júnior
    A BATALHA DAS IDEIAS NO SÉCULO XXI... PELA VIDA há que acabar com as doutrinas, as filosofias e as ideologias que só produzem alienações e ilusões, as que são apanágio do campo fértil do que tem sido, até hoje, a barbárie!
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  • Jose Monteiro
    Jose Monteiro
    Não me atreverei a indicar, seja a quem for, se for adulto e muito menos a alguém que, mal ou bem, eleito ou nomeado, esteja a ocupar um cargo politico e não a executar uma função para que fora contratado; se fosse este o caso sentir-me-ia mais disponível para sobre a função poder opinar, mesmo que não fosse (e não sou) especialista em nenhuma! A grande quantidade dos anos e a diversidade das experiencias dar-me-iam essa garantia, sempre com a ideia de que outra melhor haverá!
    Mas deixemos esta fórmula e vamos ao que parece ser de todos conhecida e por poucos praticada, embora esteja convencido de que algo está a mudar localmente, mas não à escala mais ampla ou global e é absolutamente necessário que comece a preocupar mais quem tem alguma capacidade de decisão!
    - Gastam-se milhões de horas e de numerários, desde há anos, a discutir as perturbações climáticas, mas raramente se sabe que conclusões tiraram e em que sentido e menos ainda o que vai ser feito, a curto, médio e longo prazo para actuar sobre as causas!
    Ou porque não estamos em época de investimentos ou porque os investimentos a fazer só podem ser os que lucro dão e quase de imediato! Este tem sido o principio seguido e o resultado é o que se vai conhecendo!
    _ Há não muitos anos era o "buraco da camada de ozono" e a forma refinadamente vil , desonesta e brutal, que encontraram, os espertos do costume e que assim são considerados os grandes investidores, foi a de, para poderem continuar a poluir, pagavam (ou compravam) aos que nunca poluíram, "tempo de poluição", mantendo os seus ritmos de produção e enriquecimento, mas impedindo que outros pudessem desenvolver-se, aumentando as dependências que já tinham!
    Mas a verdade é que o tal buraco não se alterava!
    - Com o problema da fome foi a mesma barrela! Até terão definido formas de contribuição para que a fome fosse erradicada até final do século XX! Definiram os políticos, mas todos sabiam ou os que mais podiam contribuir, que os políticos desses países nada mandam em termos de execução, uma vez que quem manda, de facto, é o grande capital transnacional! Resultado: em vez de erradicada a fome, foi aumentada, segundo os dados que vão sendo conhecidos!
    - Agora o "frenesim" anda à volta do aumento da temperatura global, de que só vamos conhecendo alguns dos efeitos quando nos batem à porta ou à porta do vizinho! E escrevo deste modo porque a "desgraça" bateu à porta dos vizinhos europeus, embora se saiba "à boca pequena", que noutras partes do globo tem havido catástrofes semelhantes e até mais graves, mas a comunicação social, de nada fala ou quando o faz é para atenuar a pilula: "eles já estão habituados!" A verdade é que alguns não estão habituados e nenhum se vai habituar, limitando-se a defender-se como pode e como sabe! Muitas vezes não passa de um remedeio!
    - O caso do avanço do deserto de que o autor fala, que não sei avaliar, mas se dele fala é porque algo está a mudar demasiado depressa e lhe parece que os responsáveis politicos ou não querem ou não podem fazer diferente, por incapacidade que resulta da dependência de "outros valores (que) mais alto se alevantam" (citando Camões a quem peço desculpa)
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  • Martinho Júnior
    Podem ler aqui, sem as consultas que foram compendiadas devido à censura do Facebook aos links: https://www.facebook.com/jornalonbala.bg
    Jornal Ombala Imoshi
    Jornal Ombala Imoshi
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  • Martinho Júnior
    PARA SE LUTAR CONTRA O SUBDESENVOLVIMENTO É PRECISO CONHECEREM-SE OS RELACIONAMENTOS PROFUNDOS ENTRE O ESPAÇO FÍSICO-GEOGRÁFICO-AMBIENTAL E O HOMEM!
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