(reflexões)
Peço que me relevem a presunção de falar tão frontalmente de mim, mas neste caso afigura-se incontornável.
Sou daquelas não raras "criaturas" que assumem perante a ideia do divino, a respeitosa, ainda que veemente postura, de se entenderem por ateus, por crentes na não existência de uma divindade, assumindo ela a definição que assumir. Para que não gere ambiguidade nem pareça uma exibicionista acrobacia de palavras! Digo, crente, porque esta postura carece de fundamento científico, assentando somente na intuitiva crença da não existência da referida entidade. Embora este exercício de intuição possa estar marcado pelas exigências do método das ciências, prossegue sendo mera intuição.
Ainda que compreendendo, acho insensata a posição que muitos não religiosos (alguns com responsabilidade intelectual), têm para com a religião, na sua vertente filosófica, atitude de aversão extremada, que, por ausência de distanciamento não parece casar com a razão, afigurando-se ela, muito ter de inconveniência emocional, de preconceito.
Desconhecermos, ou alhearmo-nos do reconhecimento de que a natureza humana, tem por diversas razões, para com o fenómeno mágico-religioso, uma afinidade intrínseca e primordial, são ambas, ausências que levam naturalmente a bizarras compreensões. Impedindo-nos de realizar que, a religiao enquanto doutrina, é a colossal construção do homen desde o dealbar da sua existência, na condição de "sapiens" moderno, à sua luz se sedimentaram os valores que alicerçam a nossa moral de sociedade civilizada.
A Igreja, enquanto instituição, tem o carácter dos seus edificadores, tendo deles o seu egoísmo, avassalador oportunismo, e o mais que de perverso e digno eventualmente tenhamos. É uma embarcação de que, nós enquanto espécie, somos o timoneiro. Dela (condução) pode vir o dantescamente abominavel e o idílicamente cândido, é espelho da nossa natureza. Depara-se ser plausível que o fenómeno religioso tenha tido na sua génese o único propósito de resolver os dramáticos desconfortos existenciais, que continuará tendo.
Poderá ser ingenuidade! Pois neste âmbito as competências contabilísticas têm as suas limitações, mas estou em aceitar que a doutrina religiosa de credo cristão (ressalvando alguns bárbaros atropelos ao longo da sua história), terá feito mais pelo bem-estar da humanidade, do que qualquer outra, de matriz profana. Acrescentaria ainda que, se, digna e inteligentemente conduzida, ajustada aos parâmetros da contemporaneidade, se revelaria de benefícios inestimáveis.
Ser, humano, é em muito, ser crente, crente numa intuição.
ant baião
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