terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Texto de Almerindo Rego, por Margarida Sorribas no messenger...

 

COVID 19. TESTAGEM OU NEGÓCIO DESCONTROLADO ?
Mais do que o medo, o pânico instalou-se entre nós no combate à pandemia, tendo como resultado a perda do equilíbrio emocional no acompanhamento crítico do combate a esta.
Sem entrar nas criticas fáceis do que correu bem ou mal nesta luta desigual contra a pandemia ou, tão pouco, se outros fariam melhor que os actuais responsáveis do Ministério da Saúde e, deixando tais apreciações para as "guardas pretorianas" dos contra e a favor das medidas que o Governo vai adotando, fico-me pela última ideia de se aumentarem os testes ao Covid.
Para que se entenda o que pretendo refletir deixo, desde já, alguns elementos:
1 - Segundo dados oficiais, estaremos a efectuar um mínimo de 30.000 testes PCR por dia (não incluo nestes os fins de semana), facto que nos leva a concluir efectuarem-se mais de 660.000 testes por mês.
2 - Destes testes, segundo os responsáveis do Ministério da Saúde, cerca de metade é efectuado em laboratórios privados, ou seja, mais de 330.000 testes.
3 - Se admitirmos um custo médio de 65 € por teste, o Estado está a pagar ao sector privado qualquer coisa como 21,4 milhões de euros/mês por estes testes.
4 - Na última reunião do Infarmed estabeleceu-se um consenso razoável para se aumentar o número de testes diários, enquanto instrumento de combate à pandemia.
5 - De imediato (ainda ontem), ouvindo diversos proprietários de laboratórios privados, ficamos a saber que se prepararam para triplicar a capacidade de produção dos laboratórios, ou seja, mais de 990.000 testes por mês.
6 - Aplicados os mesmos 65€/teste, estaríamos a falar de valores a pagar pelo Estado (nós todos enquanto contribuintes) da ordem dos 64,5/milhões de euros mês !!!!!!
7 - Se admitirmos (o que espero que nunca aconteça) que este esforço de testagem por PCR se prolonga por 10 meses (até ao final do ano), estaremos perante valores que são absolutamente assustadores: qualquer coisa como mais de 640 milhões de euros. Ou seja: cerca de 5% do Orçamento do SNS a pagar a privados pelos testes !!!!
Claro que quero admitir que tais valores nunca venham a ser os realmente atingidos mas, quaisquer que sejam nesta lógica de custos, estes são absolutamente escandalosos para um SNS que ao longo dos anos foi sendo esmagado na sua orçamentação.
Mas, mais grave ainda, sabendo-se através de diversos casos que vão sendo relatados quanto à duvidosa fiabilidade dos resultados laboratoriais ( veja-se o caso recente de jogadores do Sporting num dos laboratórios de referência ), torna-se imperativa uma pergunta que há muito tarda: "tem, por acaso, o Ministério da Saúde constituído qualquer mecanismo de controlo de qualidade dos serviços prestados pelos operadores privados dos diversos laboratórios?" É que, tanto quanto sei não existe qualquer mecanismo de controlo de fiabilidade de resultados, salvo os que possam ocorrer internamente nos mesmos laboratórios.
Ora, é perante a enormidade destes valores que não posso deixar de interrogar a Sra. Ministra da Saúde sobre:
1 - Existe, de facto, tal mecanismo de controlo de fiabilidade dos resultados laboratoriais privados? Em que termos se processam?
2 - Sendo que devem ser os serviços públicos de saúde a assegurar
a esmagadora maioria do trabalho produzido por laboratórios ao serviço do SNS e, ao mesmo tempo não se conhecendo quaisquer políticas para atingir tal finalidade, está, ou não, previsto qualquer investimento que dote os laboratórios públicos de condições para corresponder às necessidades do nosso País?
Perguntas simples e objectivas Sra. Ministra da Saúde. Perguntas que carecem de respostas claras e urgentes, pois, sabendo-se da descapitalização que já caracterizava o SNS, se acrescentarmos o negócio dos testes Covid, então estaremos a falar de algo que, à boleia de uma pandemia preocupante, pode vir a descaracterizar totalmente os serviços públicos do SNS, entregando-os a grupos económicos que, da saúde, somente lhe conhecem os lucros.
Sra. Ministra da Saúde, explique-se por favor, pois, tudo indica, o aumento de 700 milhões do orçamento do SNS não cobre as despesas Covid, esmagando ainda mais o investimento na saúde
(estes números são, somente, uma estimativa aproximada)
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Margarida Sorribas e 14 outras pessoas
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