CAZAQUISTÃO
A crise no Cazaquistão não é uma das “revoluções coloridas” made in USA
Nazanín Armanian 13.Ene.22 Outros autores
O que se passa no Cazaquistão exige informação aprofundada. Tem raiz comum com outros países saídos da ex.URSS, nomeadamente em resultado da instalação de um sistema capitalista dominado por uma poderosa e corrupta oligarquia. Tem antecedente em lutas operárias e populares, tanto pela melhoria das condições de vida como por direitos e liberdades. Eclodiu face a um brutal aumento dos preços do GNL. Nem é mais uma “revolução colorida”, nem um conjunto coordenado de acções terroristas.
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Em 2 de Janeiro, a cidade operária de Janaozén voltou a tirar o sono à classe governante, quando o presidente Tokaev anunciou que ia duplicar o preço do litro de Gás Natural Liquefeito (GNL), de 60 tenges para 120 (1 euro equivale a 492,1460 tenges), provocando a maior crise da história da República do Cazaquistão.
A eclosão de protestos populares no país da Ásia Central afecta não apenas a população do país e o destino dos seus políticos, mas também o resto dos países da Ásia Central, considerados por algumas teorias políticas como Heartland “Coração da Terra”: quem o domine controlará o mundo.
Cazaquistão no mapa
“A terra dos errantes”, eis o que significa Cazaquistão, nome formado pelo termo turco “kaz” «deambulante, nómada» e o sufixo persa de “stán”, do verbo indo-europeu astan-estar, «lugar de habitat de um povo». Antes de fazer parte da União Soviética, as suas terras foram dominadas por três impérios: persa, mogol e russo. A meio do caminho, os cazaques islamizaram-se e, após cerca de 70 anos sendo uma das repúblicas soviéticas da URSS, em 1991 converteram-se num estado independente pela primeira vez.
Outros dados chave sobre este país:
-Com os seus 2.727.300 quilómetros quadrados é o nono maior país do mundo, o maior sem litoral e, sendo de maioria muçulmana (sunita) é o principal país “muçulmano” em termos de área, embora o Estado permaneça laico e os seus muçulmanos não sejam praticantes, tal como a maioria dos crentes do mundo.
-Faz fronteira com a Rússia, China, Quirguistão, Uzbequistão e Turcomenistão e o Mar (lago) Cáspio.
-É habitado por apenas 18,8 milhões de pessoas, pertencentes a uma centena de etnias; 28% são russos.
-Falam uma das línguas turcas e escrevem-na em cirílico. Planeiam adoptar a escrita latina em 2025.
-Cerca de 70% da população é muçulmana sunita, com minorias xiitas; 20% declaram-se cristãos e os restantes não crentes.
-Possui enormes reservas de petróleo, gás natural, cobre e urânio, sendo o principal produtor mundial (40%) da matéria radioactiva.
-Abriga o cosmódromo de Baikonur, o mais antigo do mundo (década de 1950): de onde foi lançado o Sputnik 1, e Yuri Gagarin e Valentina Tereshkova realizaram os seus voos espaciais.
Portanto, a sua localização, o seu petróleo, gás e urânio convertem-no num país de interesse para as potências mundiais.
Cazaquistão ou Nazarbayev SL Company
-Nur Sultan Nazarbayev (1940) é a personificação do vira-casaquismo: foi o presidente da República Socialista do Cazaquistão entre 1984 e 1991, e depois ele mesmo desmantelou o sistema socialista para o substituir por um capitalismo tribal das estepes. Da noite para o dia, converteu-se em Haji, depois de uma peregrinação a Meca, e semeou o país de mesquitas, que, longe de serem locais de culto, são mais outra ferramenta de controlo social e um obstáculo ao progresso.
-O mandato de Nazarbayev foi acompanhado por uma corrupção monumental, mão pesada contra a oposição de esquerda e a classe trabalhadora e um culto obsceno da sua própria personalidade: chegou ao ponto de mudar o nome da capital de Astana para o seu: Nur-Sultan , que também surge na entrada do aeroporto apesar dos protestos cidadãos.
-O clã Nazarbayev controla os negócios do petróleo e gás, urânio, construção, mineração, a banca e as telecomunicações, entre outros. A filha mais velha da “família”, Darigha Nazarbaeva, foi presidente do Senado, vice-primeira-ministra e, juntamente com o seu marido, fundadora do partido Asar, aliado do partido Nur-Otan do seu pai, que ocupam as cadeiras do parlamento; Dinara, a mais nova, e seu marido Timur Kulibaev também se apropriam de uma grande fatia do bolo, tal como o neto do patriarca, Nurali Aliyev, ex-vice-prefeito de Astana, banqueiro e dono de várias empresas, cuja fortuna conhecida chega a US$ 200 milhões.
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Aqui a fonte, o resto e na íntegra: -> https://www.odiario.info/a-crise-no-cazaquistao-nao-e/
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