A Barbaridade do Pombal!!!
Faz hoje 263 anos que no cadafalso erguido em Belém foram barbaramente executados os Távoras, na sequência daquele que foi dos mais despóticos e infames processos judiciais de que há memória na História de Portugal.
Com efeito, o atentado de que El-Rei D. José fora vítima uns meses antes, em Setembro de 1758, a quando do regresso de um suposto encontro amoroso com D. Teresa de Távora e Lorena, a “Marquesa nova de Távora”, com quem manteria uma relação adúltera, e do qual escapou vivo com ferimentos no braço e na anca, foi o pretexto ideal para Sebastião José de Carvalho e Melo, a quem o monarca encarregara de descobrir e punir severamente os responsáveis pela tentativa de assassinato, engendrar a sua vingança contra a velha aristocracia do Reino, à qual os Távoras pertenciam.
As antigas famílias da alta nobreza, detentoras dos poderes e dos privilégios durante séculos, sempre foram, como é sabido, dos principais alvos a abater por Pombal na sua meteórica ascensão.
Incriminar os Távoras como mandantes do atentado e exterminá-los com esse pretexto era, assim, uma forma de os vergar face ao novo poder que representava, bem como instrumento de vingança por nunca ter sido aceite entre os “Maiores” do Reino, que desdenhavam as suas origens na pequena nobreza provinciana.
O processo judicial ocorreu em situações muito irregulares, envolto em enorme secretismo, sem que fossem dados aos réus quaisquer meios de defesa e sem produção de prova objectiva. Os interrogatórios, levados a cabo num cenário de bárbara violência, tiveram somente o fito de forçar os acusados a confessarem, sob tortura.
Foram, pois, acusados dos gravosos crimes de lesa-majestade, alta traição, rebelião e parricídio e a sentença da «Junta da Inconfidência» decretou o confisco de todos os seus bens em proveito da Coroa, as suas armas foram picadas em todos os brasões e o seu nome proscrito.
Foram condenados à pena capital:
D. Francisco de Assis de Távora, o “Marquês velho”, Vice-Rei da Índia, 3° Marquês de Távora, 3º Conde de Alvor e 6º Conde de São João da Pesqueira,
sua mulher, D. Leonor Tomázia de Távora, a “Marquesa velha”, 3ª Marquesa de Távora e 6ª Condessa de São João da Pesqueira,
seus filhos D. Luís Bernardo de Távora, o “Marquês novo”, 4º Marquês de Távora, 4º Conde de Alvor e 7º Conde de São João da Pesqueira e José Maria de Távora, Capitão dos Dragões de Chaves,
seu cunhado, D. José de Mascarenhas e Lancastre, 8º Duque de Aveiro, 5º Marquês de Gouveia e 8º Conde de Santa Cruz,
seu genro, D. Jerónimo de Ataíde, 11º Conde de Atouguia,
e ainda os “plebeus” Manuel Álvares, João Miguel, Brás José Romeiro e António Álvares Ferreira.
A “Marquesa velha”, depois de lhe serem mostrados pormenorizadamente os instrumentos de tortura onde sua família iria padecer, foi decapitada. Aos restantes condenados, partiram-lhes os braços e as pernas com marretas, torturam-nos na roda e estrangularam-nos. António Álvares Ferreira, criado do “Marquês velho”, acusado de ter sido o autor material dos disparos contra El-Rei D. José, foi queimado vivo.
Findo o massacre, que terá durado o dia inteiro e foi presenciado por uma enorme multidão que assistia horrorizada, foram os corpos queimados e suas cinzas lançadas ao Tejo.
No exacto local da chacina, foi espalhado sal para que nada nem raça alguma dos Távoras ali voltasse a nascer.
É onde hoje se encontra um pelourinho, a dois passos dos famosos «Pastéis de Belém», no Beco do Chão Salgado, topónimo nascido da evocação destes bárbaros acontecimentos aí ocorridos a 13 de Janeiro de 1759.
Depois da subida ao trono da filha d´El-Rei D. José, a Rainha D. Maria I, o processo judicial é reaberto, concluindo-se que os Távoras estavam, afinal, …inocentes.
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