quinta-feira, 27 de maio de 2021

texto de António Baião....

 

(reflexões)
Peço que me relevem a presunção de falar tão frontalmente de mim, mas neste caso afigura-se incontornável.
Sou daquelas não raras "criaturas" que assumem perante a ideia do divino, a respeitosa, ainda que veemente postura, de se entenderem por ateus, por crentes na não existência de uma divindade, assumindo ela a definição que assumir. Para que não gere ambiguidade nem pareça uma exibicionista acrobacia de palavras! Digo, crente, porque esta postura carece de fundamento científico, assentando somente na intuitiva crença da não existência da referida entidade. Embora este exercício de intuição possa estar marcado pelas exigências do método das ciências, prossegue sendo mera intuição.
Ainda que compreendendo, acho insensata a posição que muitos não religiosos (alguns com responsabilidade intelectual), têm para com a religião, na sua vertente filosófica, atitude de aversão extremada, que, por ausência de distanciamento não parece casar com a razão, afigurando-se ela, muito ter de inconveniência emocional, de preconceito.
Desconhecermos, ou alhearmo-nos do reconhecimento de que a natureza humana, tem por diversas razões, para com o fenómeno mágico-religioso, uma afinidade intrínseca e primordial, são ambas, ausências que levam naturalmente a bizarras compreensões. Impedindo-nos de realizar que, a religiao enquanto doutrina, é a colossal construção do homen desde o dealbar da sua existência, na condição de "sapiens" moderno, à sua luz se sedimentaram os valores que alicerçam a nossa moral de sociedade civilizada.
A Igreja, enquanto instituição, tem o carácter dos seus edificadores, tendo deles o seu egoísmo, avassalador oportunismo, e o mais que de perverso e digno eventualmente tenhamos. É uma embarcação de que, nós enquanto espécie, somos o timoneiro. Dela (condução) pode vir o dantescamente abominavel e o idílicamente cândido, é espelho da nossa natureza. Depara-se ser plausível que o fenómeno religioso tenha tido na sua génese o único propósito de resolver os dramáticos desconfortos existenciais, que continuará tendo.
Poderá ser ingenuidade! Pois neste âmbito as competências contabilísticas têm as suas limitações, mas estou em aceitar que a doutrina religiosa de credo cristão (ressalvando alguns bárbaros atropelos ao longo da sua história), terá feito mais pelo bem-estar da humanidade, do que qualquer outra, de matriz profana. Acrescentaria ainda que, se, digna e inteligentemente conduzida, ajustada aos parâmetros da contemporaneidade, se revelaria de benefícios inestimáveis.
Ser, humano, é em muito, ser crente, crente numa intuição.
ant baião
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sábado, 15 de maio de 2021

Cópia da mensagem trocada com Sónia Alvarez, amiga Argentina, na conta 2

 

Espanhol e português:

Gracias a ti...pero m vino bien este escrito para que lea uno..que justo hablaba conmigo..creo no cree el los amores a distancia..que uno puede amar..muchas veces mas de la que esta personal..

A veces el hombre con sus palabras desnuda a una mujer..tanto la mujer tambien.

Esta en la mente d cada uno..

Yo ame a la distancia 9 años..y fue un amor inolvidable!!

Hace 8 meses  se a terminado.

Bs  gracias Jose.


Não terá sido amor ( o que é e como é o amor?), mas muitas das coisas boas que vivi, foram à distância vividas, mas tão perto, algumas!

Quando aprendi a escrever, sendo o mais novo dos 5 filhos do casal   (e 10 anos me separavam do anterior) 2 deles estavam já longe da aldeia, a tentar melhorar a vida, trabalhando, já que na aldeia trabalho certo não havia, a não ser a partir de Junho, ceifando e tarefas seguintes, em Setembro apanhando a amendoa e no Inverno a azeitona!

Como minha mãe não foi à escola, acho que não havia para as meninas, era eu quem escrevia as cartas que a minha mãe ditava, para os manos ausentes! A leitura das recebidas, eu as lia!

Aos 13 anos parti eu, para Lisboa, onde estava o mano do meio e aí passei a escrever as minhas próprias cartas para a minha mãe e seria o meu sobrinho, 4 anos mais novo que eu, quem as lia e depois responderia, dando continuidade ao meu trabalho anterior!

Mantive, durante anos, correspondência com uma jovem espanhola, que nunca vi, e que seria estudante interna num colégio de freiras, da igreja católica! E, assim, dei meus passos no caminho do idioma que é o vosso, também - o espanhol!

Aos 22 anos mandaram-me para uma guerra num outro Continente,  o de África e o País, que os colonialistas designavam por Provincia Ultramarina de Angola!

Durante 27 meses mantive correspondência com a familia e com 2 amigas, a que chamavam "madrinhas de guerra", que não conhecia e com uma com quem, no regresso da guerra, vim a casar e separar alguns anos depois!

Durante 10 anos, já há muitos separado, mantive correspondência com uma amiga que conhecia há anos e que foi trabalhar para a Alemanha e anos depois casar com um alemão, casamento que continua! 

Com a chegada dos fax e depois os computadores, perdeu-se o luxo das cartas que, ainda hoje, fazem parte do nossa mais grata recordação!

E que mais, sobre amar à distância? Agora são amores virtuais, a que faltará sempre o pormenor do encontro, mas que insistimos em chamar de amor...e se calhar é, o encontro é uma parcela, porventura importante, do amor no reino animal!

Muito obrigado, que bom ter amado este 

Português Espanhol:

Graças a você ... mas esta escrita foi boa para eu ler uma .. que era só falar comigo .. Eu acho que ele não acredita no amor à distância .. que se pode amar .. muitas vezes mais do que é pessoal ..

Às vezes o homem com suas palavras tira a roupa de uma mulher ... tanto a mulher também.

Está na mente de cada um.

Amei a distância por 9 anos .. e foi um amor inesquecível !!

8 meses atrás, ele foi concluído.

Obrigado Jose.


Não será amor (ou como será ou amor?), Mas muitas coisinhas boas que vivi, por uma distância vivida, mas tanto tempo, algum!

Quando aprendi a escrever, sendo ou mais novo dois 5 filhos do casal (e 10 anos me separei do anterior) 2 deles estiveram ali a mais tempo na aldeia, para me tentarem viver, trabalhar, ha que na aldeia trabalhei certo não havia Será de Junho, ceifando e seguindo tarefas, em Setembro apanhando amendoa e não inverno a azeitona!

Como minha mãe não foi à escola, acho que não existia para as meninas, fomos nós que escrevemos as cartas que para minha mãe ditava, para as mãos ausentes! A leitura das recebidas, eu como lia!

Saí dos Estados Unidos durante 13 anos, para Lisboa, onde ia escrever a minha mão e lá escrever as minhas próprias cartas à Minha, falava sério ou meu sobrinho, 4 anos mais novo que os Estados Unidos, que responderia , dando continuidade ao meu trabalho anterior!

Há anos mantenho correspondência com um jovem espanhol, que nunca vi, e que seria aluno interno da escola das freiras, da igreja caólica! E, assim, dei meus pasos Não ando na língua que é ou vosso, também - ou espanhol!

Aos 22 anos mandou-me para a guerra noutro Continente, ou da África ou País, que os colonialistas designam como Província Ultramarina de Angola!

Por 27 meses me correspondi com minha família e 2 amigos, aos quais chamavam "madrinhas de guerre", que não conhecia e com quem, não voltei da guerra, casei e me separei alguns anos depois!

Por 10 anos, nós nunca estivemos separados, eu me correspondi com um amigo que trabalha para a Alemanha há anos e há anos para se casar como alemão, um casamento que continua!

Verifiquei dois faxes e depositei os computadores, cartas perdidas ou perdidas que, basta navegar, fazem parte da nossa mais agradável recordação!

O que mais, sobre amar à distância? Agora são amores virtuais, o que vou sempre ou detalhe eu procuro, mas fazemos questão de amar a vergonha ... e eu ficarei quieta, ou encontrei uma trama, aventura importante, de amor não reino animal!

Muito obrigado, que amado bom ter este

quarta-feira, 12 de maio de 2021

Texto de Manuel Rocha, partilhado por Luis Branquinho Pinto+ apontam.e poema do TEMPO DO PREC...

 

DO LABIRINTO DA HISTÓRIA (e repetivas heranças)
A História, quando treslida, tanto pode ser um lugar de santidades como um ajuntamento de belzebus. E sendo apresentada como se fosse uma novela, permitirá ao respeitável público agrupar emoções em torno de heróis e de vilões, como quem sofre dores alheias de ficção, por cima das próprias dores. As chamadas narrativas, se construídas com intenção e sabedoria, conseguem gerar realidades virtuais mais verossímeis do que as realmente acontecidas, servidas como se fossem verdades indiscutíveis e, portanto, geradoras de convicções. Ciência mais eficaz do que a alquimia, a manipulação tem o seu segredo na habilidade de juntar muitas mentiras a rastos de verdade, cumprindo aquilo que António Aleixo caraterizou deste modo: “Para a mentira ser segura / E atingir profundidade / Tem de trazer à mistura / Qualquer coisa de verdade”.
Não vale o conhecimento da verdade histórica – aquela que resulta do confronto de todas as razões em presença – para mais do que resolver vidas. Percebe-se, por isso, que se envolvam tantos meios na orientação das consciências, desde as fake news à precariedade laboral, umas e outra feitas para produzir medo (da realidade, no primeiro caso, da fome, no segundo), essa milenar ferramenta de garantir desequilíbrios sociais. Está provado que é possível um humano viver a vida inteira na maior das pobrezas, queixoso da sua condição e, assim mesmo, conformado. Mas está também provado que, no caminho a que chamamos História, a Humanidade revela crescente vontade de concretizar a regra de “a cada qual segundo as suas necessidades, de cada um segundo as suas capacidades”.
Quando o 25 de Abril de 1974 se transformou em revolução, havia quem, por cá, tivesse acesso a tudo o que é essencial à vida. Mas eram poucos. Quase meio século depois da “madrugada que eu esperava / O dia inicial inteiro e limpo / Onde emergimos da noite e do silêncio / E livres habitamos a substância do tempo”, de Sophia e de todos os democratas, já ninguém que viva do seu trabalho discute a validade dos subsídios de desemprego e de Natal, a importância da licença de parto e da suspensão dos despedimentos sem justa causa, a garantia do direito à greve e a utilidade da negociação coletiva, a importância da valorização do salário mínimo nacional e do regime de proteção social dos trabalhadores agrícolas. Do mesmo modo que qualquer democrata deseja a eternidade para o ganho da liberdade de associação e de atividade dos partidos políticos, celebra o primeiro impulso de alfabetização e a chegada dos médicos à periferia (substituindo joões-semana de boa intenção mas reduzido préstimo), recorda as primeiras políticas de habitação visando a erradicação das barracas, onde à data da Revolução vivia mais de um milhão de portugueses.
Tanta boa ação parece coisa de santos. Mas não. São coisas da nossa História, acontecidas no tempo do diabolizado PREC, saídas dos decretos que um governante assinou em momentos (às vezes) pintados com cores sombrias, que o tempo há de clarear. A memória dos criadores de dignidades esfumou-se já no labirinto tortuoso da memória coletiva. Mas a Torre do Tombo guarda ainda os decretos, e deixa perceber o primeiro dos nomes dos governantes de então: “Vasco Gonçalves”.
Nem nome de santo nem alcunha de belzebu. Um homem, nascido faz agora 100 anos, entre muitos outros que sonharam uma sociedade justa que - é da História – tarda, mas virá.
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  • Jose Monteiro
    Não escreverei nada, agora, é tempo de viver a mudança, que não vai falhar! Não será como mudar a página do livro para continuarmos a ler a história: esta terá que ser por nós construída, para ser sentida, ou voltará, na imensa confusão que por aí vai e em progressão, geométrica algumas vezes, ao cómodo espaço do olvido!
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  • Jose Monteiro
    Vou deixar um grito de revolta, escrito no temporal que foi o tempo do PREC:
    16º - TALVEZ EQUIVOCO
    Operários, camponeses e outros
    “contra-revolucionários”
    Vamos todos trabalhar mais
    Para os monopólios e latifundiários.
    E para outros fascistas
    Que exploram a nação
    Enquanto nós trabalhamos
    Eles têm as armas na mão.
    Nada de luta de classes
    Nada de politização
    Ignorantes é que seremos
    Para mais fácil ser a exploração.
    E se no fim do dia, cansados
    Vamos cantar de mãos dadas
    Aos governantes “honrados”
    Uns fadinhos e baladas.
    Nas armas dos nossos soldados
    Que são os bons filhos do Povo
    Colocaremos uma rolha
    P’ra não poderem fazer fogo.
    Não ligar aos sindicatos
    Que sãos uns “divisionistas”
    Para que queremos contractos?
    Só queremos os fascistas.
    E lá vamos cantando e rindo
    De manhã para o trabalho
    Que o 25 d’Abril tão lindo
    Já se foi para o ...
    E com o 25 se foram aqueles
    Que p’ra ele contribuíram
    Os que não estão na cadeia
    Deram à sola e fugiram.
    Foram 200 capitães
    Que pela sua honestidade
    São tratados como cães(alguns)
    Privados da liberdade.
    E o Povo que esteve na rua
    De Abril até Novembro
    Que recusou o 11 de Março
    E o 28 de Setembro.
    Mesmo no 25 de Abril
    Aconselhado a ficar em casa
    Fez ouvidos de mercador
    E esteve na rua em brasa
    E esse Vasco Gonçalves
    Que era dos poucos coronéis
    Provou ao Povo que era
    À revolução dos mais fiéis!
    Reis Caçote
    Sem data exacta, mas 1975
    Nenhuma descrição de foto disponível.