domingo, 11 de agosto de 2024

Zelensky estão em retirada (Declan Hayes in Strategic Culture Foundation, 06/08/2024, trad. Estátua de Sal)

 

De Caracas a Paris e Puccini, os palhaços incultos de Zelensky estão em retirada

(Declan Hayes in Strategic Culture Foundation, 06/08/2024, trad. Estátua de Sal)

(Publico este texto em homenagem a todos os melómanos que seguem ou visitam este blog. Se dúvidas houvesse sobre quem está do lado do Bem e da Humanidade na guerra global infrene que está em curso no Mundo e onde lugares vários – como a Ucrânia, Gaza, Venuzuela – são a ponta do iceberg, a leitura deste texto dissipá-las-ia. Sim, quem usa a beleza da música como instrumento bélico de confronto, transformando notas melodiosas em obuses, só pode ser um escroque, pior que os animais mais mortíferos: até as serpentes se vergam aos sons encantatórios da flauta.

Estátua de Sal, 10/08/2024)


A Venezuela tem as maiores reservas de petróleo do mundo e a NATO e seus companheiros de viagem do norte de Londres infligiram sofrimentos incalculáveis ​​a todos os venezuelanos porque querem roubar o petróleo da Venezuela.


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Embora a soprano russa Anna Netrebko encabece agora a lista de alvos de assassinato do Myrotvorets, antes de fazer qualquer comentário informado sobre o caso dela, ou do de um grupo de venezuelanos e bielorrussos que também se encontraram na mira da NATO, precisamos primeiro de nos familiarizarmos com os detalhes da sociedade venezuelana, russa e bielorrussa, bem como, é claro, percebermos como a ópera e os mundos relacionados funcionam.

Netrebko é uma cossaca de Kuban que fez o seu caminho de humilde zeladora até superestrela operática internacional, o que foi bom para ela e, suficientemente bom para, nesse papel de superestrela global, se encontrar com o presidente russo Putin, em várias ocasiões. Para qualquer fantoche da NATO, que acha que qualquer reunião desse tipo é suspeita, tudo o que eles precisam de fazer é olhar para as Olimpíadas de Paris, onde políticos de todos os tipos estão bajulando os seus atletas na esperança de que um pouco do seu brilho possa passar para os seus narizes bajuladores.

Embora Netrebko tenha declarado que teria preferido que a guerra ucraniana não tivesse ocorrido, também é conhecido o facto de ela ter declarado, que as coisas são o que são e passaram-se assim, e que outras forças, que não ela, devem concluí-la. Apesar de elementos da Duma russa, bem como os malucos nazis com assento no Parlamento ucraniano, a terem denunciado, e apesar de o Parlamento Europeu fascista da NATO a ter sancionado, Netrebko descreveu, com toda a razão, como “merdas humanas” os representantes da NATO que a obrigam a expressar a sua posição política.

Eu não argumentarei contra a posição dela, tal como não o farão, imagino eu, Ivan Litvinovich e Viyaleta Bardzilouskaya, os dois atletas bielorrussos que, respetivamente, ganharam medalhas de ouro e prata nas Olimpíadas e que, assim, envergonharam os “merdas humanas” da Ucrânia de baixo desempenho, que tentaram desumanizá-los e aos seus compatriotas bielorrussos.

Embora Netrebko também só queira fazer o seu trabalho operático, porque Netrebko não apela ao assassínio de civis russos, a NATO, como diria a máfia, quer que ela desapareça.

Norman Lebrecht, o idiota da NATO para estes assuntos, chamou a nossa atenção para o facto de que Netrebko foi contratada para estrear uma nova produção da Tosca em janeiro do ano que vem na cidade eterna de Roma e, para piorar a situação da NATO, que “a soprano russa meio proibida” também deve apresentar-se na Flórida em fevereiro de 2025.

Embora os nazis ucranianos estejam a ter um ataque de nervos  com tudo isso, o facto é que Netrebko tem o show de Puccini na Tosca realmente garantido. Como o show em Roma é para celebrar o 125º aniversário da primeira apresentação de Tosca, seria impensável para qualquer um, exceto para os nazis da Ucrânia e seus companheiros de viagem do norte de Londres, alimentar sequer a ideia de que o espetáculo se poderá realizar sem Netrebko no centro do palco.

A ópera, mais ainda do que todas as outras artes semelhantes, funciona com base na máxima comprovada de que Callas, Cabellé, Caruso, Corelli, Netrebko e Pavarotti ficam com as luzes da ribalta e os restantes ficam com os amendoins que sobram. Sem Netrebko, não se pode ter Puccini. É simples!

Se tudo isso é, para si, difícil de entender, pense no facto de como os chineses recentemente se revoltaram  porque Messi não jogou num encontro amistoso contra eles. Mas Messi é um jogador de futebol, não é um urso de circo, que está ali para fazer truques e acrobacias, mesmo que os chineses, que pagaram fortunas para o ver, pensassem o contrário. Assim como os chineses foram ver Messi, os italianos, os figurões do Vaticano e o corpo diplomático de Roma vão ver a cossaca de Kuban, Anna Netrebko. É tão simples como isso.

E, tal como acontece com os cossacos de Kuban, também acontece com os venezuelanos, que também não são macacos de teatro, ao contrário do que pretendem esses mesmos charlatães da NATO.

O caso em questão é o do maestro e violinista venezuelano Gustavo Adolfo Dudamel Ramírez, de 43 anos, que atualmente é o diretor musical da Orquestra Sinfónica Simón Bolívar e da Filarmónica de Los Angeles, e que está programado que será nomeado Diretor Musical e Artístico da Filarmónica de Nova Iorque em 2026.

Para ver o quão envolvido está Dudamel na música da Venezuela e não só, refira-se que o seu pai é trombonista e professor de canto de renome, e que o próprio Dudamel começou o seu envolvimento contínuo com El Sistema, o famoso programa de ação social musical venezuelano, aos cinco anos de idade.

Tendo em conta que a Venezuela é uma sociedade dividida que está firmemente na mira da NATO e que Dudamel viveu, falou e respirou música toda a sua vida, o seu envolvimento contínuo com El Sistema, que também está firmemente na mira da NATO, embora relevante para este artigo, não é de todo surpreendente. Nem o facto de Dudamel ter manifestado a sua indignação quando outros músicos foram apanhados pela violência na Venezuela. Dudamel tem sido repetidamente referido como desejando que a violência acabe e que a música que o El Sistema encoraja cresça, e é bom que assim seja.

Uma rápida busca no site da NATO mostra que ela não concorda nada com isso. Um artigo recente queixa-se,  que a Fundação Glenn Gould lhe atribuiu o seu prémio anual, apesar de estes apologistas da NATO argumentarem erradamente que Dudamel é “o enviado de um regime militarista notório que acabou de roubar uma eleição”, sendo demasiado estúpidos para compreender o comunicado de imprensa da Fundação. O comunicado afirmava claramente que “a apresentação coincide com a Semana Mundial da Orquestra (WOW!) do Carnegie Hall, uma celebração de extraordinários conjuntos de jovens de todo o mundo. Nesse dia, Dudamel dirigirá a orquestra Sinfónica Nacional Infantil da Venezuela”, com a qual Dudamel tem décadas de envolvimento, tal como tem com El Sistema.

Tal como Gabriela Montero, que parece ter passado para o lado negro da Venezuela. Aqui está o igualmente escorregadio Norman Lebrecht  a elogiar a Orquestra do Minnesota por ter feito o upload do concerto [venezuelano] “decididamente político de Gabriela Montero, que supostamente denuncia aqueles que ‘mantêm o nosso continente refém da tirania'”. Apesar de Montero e o seu marido, nascido na Irlanda, terem sido fundamentais para manter a Irlanda refém, ao impingirem apologistas venezuelanos indesejados da NATO, essa traição sistemática em nada ajuda as pessoas cumpridoras da lei da Venezuela, nem todas as que não podem fugir, como cobras na noite, para a Irlanda.

Mas, embora pudéssemos falar da música venezuelana com mais autoridade numa hora do que os representantes da NATO conseguiram numa década, a verdade é que a Venezuela tem as maiores reservas de petróleo do mundo e a NATO e os seus companheiros de viagem do Norte de Londres infligiram sofrimentos indescritíveis a todos os venezuelanos porque querem roubar o seu petróleo. Os atletas bielorrussos são agora obrigados a demonstrar a mesma coragem perante a adversidade que os seus antepassados demonstraram quando Hitler fez da sua pátria o centro daquilo a que os bielorrussos chamam a Grande Guerra Patriótica, e tudo isto porque a NATO, tal como os nazis antes deles, quer usar a Bielorrússia como porta de entrada para despojar a Rússia.

E, quanto a Anna Netrebko, aqui está ela no (acusticamente divino) La Scala cantando a Tosca de Puccini, como só uma cossaca de Kuban abençoada, como ela, pode. Não é para todos, é verdade, mas também não o são as vastas riquezas da Venezuela e da Rússia, que, no caso da Rússia, são defendidas por mais de três milhões de soldados ativos e na reserva – nenhum dos quais consegue atingir as notas altas como Netrebko -, mas todos eles, como os seus milhões de aliados nas forças armadas da Venezuela, Irão e China, conseguem disparar muito mais corretamente do que ela ou Gabriela Montero.

Fonte aqui


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10 pensamentos sobre “De Caracas a Paris e Puccini, os palhaços incultos de Zelensky estão em retirada

  1. Nem todos podem ter a sublime arte de tocar piano com a pila, especialmente se, como no caso de Netrebko, não se dispõe do dito instrumento.
    Ora bem, os nazis ucranianos podem ficar ressabiados por o mundo dos melómanos em geral preferir o canto de Netrebko a sublime arte de tocar piano com a pila.
    Mas daí a por a mulher a cabeça da sua lista de morte tenham vergonha no focinho tanto eles como todos os trastes que acham normal a própria existência dessa lista de morte.
    Depois se acreditam mesmo no que dizem e insistem para que um cantor ou atleta critique o Governo do seu país para não ser sancionado terão a noção que estao a pedir ao desgraçado que ponha a sua liberdade ou até a sua vida em risco.
    O que e que pretendem? Transformar alguns deles ou todos em mártires da sua causa vil? Que e simplesmente a de destruir os seus países e pilhar os seus recursos?
    De qualquer forma nem precisam disso pois que há sempre idiotas dispostos a fazer tal papel esperando certamente mais tarde uma recompensa a ocidente.
    E o caso de uma bailarina russa que se diz que arrisca 15 anos de cadeia por ter doado o equivalente a 46 euros a uma ONG que apoia a Ucrânia.
    Ora o que a senhora espera e ser acolhida de passadeira vermelha no ocidente na próxima troca se calhar porque, ao contrário de Netrebko, não e grande espingarda naquilo que faz.
    Qualquer cidadão que de dinheiro a um pais, muito ou pouco, que move contra o seu uma guerra sem quartel, cujos dirigentes espumam ódio, deve estar a espera de, sem espinhas, ser acusado de traição.
    Não me parece que a senhora fosse assim tão ingenua mas o ocidente já ganhou mais uma pobre vítima do malandro do Putin.
    O que aconteceria a um israelita que desse dinheiro a uma organização de apoio a palestinianos?
    Espero que a Netrebko e todos quantos estão na lista de morte ucraniana consigam manter se a salvo. Alguns dos que lá estão já foram mortos.
    E quem acha atrocidades destas normais va ver se o mar da megalodonte.

  2. Anna Netrebko quando acabou os seus estudos foi trabalhar na limpeza do Teatro Mariinsky. Valery Gergiev, o grande maestro, ficou admirado ao ouvi-la numa audição é que ela era a voz que ele se lembrava de ouvir no Teatro. Esta simplicidade e força de vontade levou-me a mostrar o link da história quando dava aulas na Universidade de Coimbra ao estudantes do primeiro ano. A simplicidade, o esforço e a competência podem andar de mãos dadas. A Anna revolucionou a representação na Ópera. Outras houve, mas ela está no primeiro plano. Ouçam-na e podem vir a morrer felizes … ela é sublime!

  3. Amiga Estátua, o link para o original está trocado. A palavra “Aqui” dá para dois artigos (“Aq” para um e “ui” para outro), mas nenhum deles é o correcto.

  4. “wind of Change”. Punha os meninos de cá e de lá a sonhar com os amanhas que cantam sob o capitalismo.
    O problema disto tudo e que lado de cá, a começar pela terra natal dos cantores, não houve “wind of Change” nenhum.
    Começamos desde o tempo dos vikings as grandes campanhas de roubo do que precisávamos ou queríamos e nunca mais paramos.
    A ideia de negociar honestamente com outros povos nunca por cá passou.
    Nos éramos os civilizados e tínhamos o dever moral de ir civilizar aquela gente e se aqueles selvagens não davam valor ao que tinham nos tínhamos o direito de o ir buscar.
    Se fosse preciso mata los todos porque não faze lo.
    Travasse, como escreveu o autor sueco Sven Lindquist de ” exterminar todas as bestas”.
    Foi esse o fim de praticamente toda a população da América e Oceania.
    A Índia foi dizimada por grandes fomes e África pelo tráfico internacional de escravos.
    Os russos tambem tiveram a sua conta de invasoes e até pelo menos ao Século XV achávamos boa ideia compra los aos tártaros como escravos.
    Foi quando se tornou mais difícil caça los que a coisa parou, não porque começássemos a vê los como iguais.
    O problema e que mesmo após o fim oficial do colonialismo o “wind of change” nunca cá chegou.
    Os Estados Unidos aprenderam depressa e começaram por pilhar impiedosamente o seu quintal.
    Hoje vassalizaram todo o Ocidente e como a nossa mentalidade não mudou achamos normal todas as campanhas de pilhagem.

  5. As campanhas, na impossibilidade de ocupar directamente países, recorreram a traidores locais como os ditadores da América Latina, o Xa do Irão ou Suharto, na Indonésia.
    Gente que eram os piores entre os seus e que não hesitavam em matar tantos quantos fossem precisos.
    E se o traidor era destronado, uma nação vizinha podia fazer o trabalho de uma guerra por procuração.
    A guerra Irão Iraque custou mais de um milhão de vida, durou oito anos e contribuiu para a radicalização da sociedade iraniana.
    Com a queda da União Soviética voltaram as técnicas de ocupação directa ou destruição, casos do Iraque e da Libia.
    Com os seus dirigentes mortos para mostrar o que acontece a quem não faz o que lhe mandam.
    A guerra na Ucrânia e outra guerra por procuração com o recurso a uma população fanatizada, cega de ódio e que não soube seguir em frente após a independência.
    Apoiada por outra gente que também não soube seguir em frente como a Polónia ou a Alemanha, que nunca foi desnazificada.
    Porque o wind on Change nunca por cá passou.

  6. Em nome do Direito Internacional, dum mundo assente em regras, quando é que os espanhóis nos devolvem Olivença, que nos roubaram há muito?🥸

  7. As regras são só para alguns, os catalães que o digam.
    Andamos a formigar o separatismo em todo o lado onde nos deu jeito, com a ajuda das nossas armas se preciso fosse.
    Mas aí de quem ponha em causa a sacrossanta integridade daquela manta de retalhos mantida a ferro e fogo a que se decidiu chamar Espanha.
    Vão ver se o mar da choco. E quem for tuga, de caminho, vá por uma vela a D. João IV, que liderou o seu povo numa luta que nos livrou de coisas como bascos, galegos e catalães passaram nos últimos quatro séculos.
    Com a prestimosa ajuda de alguns Migueis de Vasconcelos que também por lá há.

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