A FÉ NÃO SE DISCUTE?
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A MODERNA PATRÍSTICA
Escreve Carlos Matos Gomes
Feb 17
O Ocidente (alargado para integrar as antigas colónias inglesas de povoamento branco, a Austrália e a Nova Zelândia) é o único espeço civilizacional do planeta que erigiu a fé como fundamento da sua visão do mundo e da sua civilização e essa é uma das razões para o seu comportamento ao longo da História, desde as cruzadas às intervenções no Vietname e no Médio Oriente.
Os padres da Igreja sentiram necessidade de criar um corpo doutrinário oficial para fazerem a apologia e a defesa da fé e que servisse como instrumento de unificação dos vários povos europeus. Que servisse da “Carta” a um poder que se diria hoje supranacional. Roma foi escolhida como capital desse novo poder e os catecismos impõem a verdade obtida pela fé através dos padres seus difusores.
Os fundadores da patrística procuraram a conversão dos gentios e combateram as heresias com um discurso que convencesse as audiências pela fé, apresentando esta como sendo o resultado da razão. (Poderíamos considerar que os homens da alta idade média ainda se regiam pela razão para tratar dos seus assuntos, uma convicção que a patristica eliminou, impondo a fé!)
A patristica é a arte de apresentar a quadratura do círculo como fruto da inteligência e da razão. A demagogia e a manipulação das emoções assentam no velho discurso de normalizar o absurdo e fazer deste um dogma: ou acreditas ou na melhor das hipóteses és banido. Nos casos mais comuns serás julgado, torturado, queimado, fuzilado.
O pensador mais notável desse movimento foi Santo Agostinho, o bispo de Hipona (354–430AD) para quem não era possível ao homem conhecer todas as coisas por si mesmo, sendo necessário que uma revelação venha em auxílio de sua inteligência limitada, o que contradiz a afirmação bíblica do homem ter sido feito à imagem e semelhança de Deus. Para ele a razão tem limites, impedindo o ser humano de contemplar a “graça divina”, a verdade, o que apenas pode ser conseguido com fé nos padres. “A fé tem precedência sobre a razão e esta é guiada pela luz da fé que nos leva a confirmar e compreender aquilo que primeiro cremos”. Alguns séculos depois outro génio da patrística, Tomás de Aquino escreverá Fé e Razão. A fé sempre antes da razão. A política funda-se no princípio do acreditar e ter esperança, mesmo que não exista razão para acreditar, nem para esperançar. A fé não se justifica. Todo o discurso do poder é patrístico: acreditem e não pensem, é o que permanentemente nos dizem as televisões.
Vivemos no Ocidente uma época gloriosa da patrística com as verdade absolutas dos padres do acredita e tem esperança. Da precedência absoluta da fé sobre a razão. O primeiro grande momento de utilização desta velha técnica terá sido o das armas de destruição em massa no Iraque, testemunhada por dois videntes portugueses, Paulo Portas e Durão Barroso. Os homens e mulheres do mundo livre foram convocados em nome da fé em George Bush jr a acreditar a ter fé e a apoiar a invasão do Iraque.
A defesa da guerra na Ucrânia é uma cruzada patrística que envolve políticos e pregadores nos jornais e televisões. Temos de acreditar! Os céticos são do inimigo. Hereges!
A imposição da fé num pater é o programa de todas as ditaduras. É por esse caminho que o moderno patrismo de alta tecnologia nos está a conduzir. Condecorar um pequeno pater ucraniano com uma distinção que refere a Liberdade é um absurdo de fé em que ele se tenha convertido há poucos dias ou meses num defensor do que comprovadamente combateu, os direitos dos povos. A eventual condecoração ofende a razão, mas como é uma questão de fé não a discuto.
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- Jose MonteiroNão será ao historiador que eu queria colocar algumas questões e que todos os dias a mim próprio coloco, sobre a fé e a razão(aproveitando a parte mais antiga da história):- temos uma guerra na Ucrânia e temos uma quantidade de outras de que se não fala, talvez por uma questão de fé e na esperança de que elas, as guerras, se vão gerindo, com mais ou menos custos em vidas e em bens;- embora acreditemos que para todas essas guerras vão sendo fornecidas armas, mais para umas do que para outras, mas por uma questão de boa fé (aqui entra um adjectivo para a fé) não se fala quem as fornece e quem as pede;- a Ucrânia, por qualquer razão ainda não explicada, está sempre a pedir( quem pede é o mendicante-mor) mais armas, muitas armas e as mais modernas e letais, o que não corresponde a uma questão de fé, porque se o fosse não precisava mais do que ficar sentado, numa das esplanadas de Kiev, em amena cavaqueira com alguns dos seus contemporâneos, a falar de teatro ou de outras coisas de que soubessem e gostassem de falar; a guerra, lá longe da esplanada se iria resolvendo, com mais ou menos mortos, sem pressas, tanto mais que já decidiu, de boa fé, que a guerra é para ser travada até ao último ucraniano;- esta sede de armas, muitas e boas, leva os ocidentais que, de boa fé, se vão dizendo seus amigos (do ucraniano-chefe) e lhe vão prometendo todas as que ele precisar, o ensinam a usá-las (aos que vão usá-las, claro) e a delas cuidar e se não cuidar bem delas que não seja de má fé e tudo fica bem;- e aí temos os ocidentais "amigos" numa azáfama de reuniões a fazerem o balanço das armas que têm e das que vão ter que fabricar para que nada falte ao necessitado filho zeloso da Ucrânia;- entretanto inventam mais umas quantas formas de descascar o outro interveniente, na tentativa de que o povo, na penúria, se revolte e deponha o inimigo público número um dos ocidentais;- o grande guerreiro da OTAN e o seu chefe máximo, um tanto senil, vão afirmando, de boa fé, de que não têm nada a ver com o que se passa na Ucrânia e alguns fingem que acreditam e os que digam que não acreditam cai-lhe o "Carmo e a Trindade" e são deixados nos escombros da derrocada:- de Paz nenhum fala, talvez por terem fé que tudo se resolva sem necessidade de falar e muito menos fazer algo para que a guerra tenha o seu fim! Gente de Fé!
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- Jose MonteiroNão será ao historiador que eu queria colocar algumas questões e que todos os dias a mim próprio coloco, sobre a fé e a razão(aproveitando a parte mais antiga da história):- temos uma guerra na Ucrânia e temos uma quantidade de outras de que se não fala, talvez por uma questão de fé e na esperança de que elas, as guerras, se vão gerindo, com mais ou menos custos em vidas e em bens;- embora acreditemos que para todas essas guerras vão sendo fornecidas armas, mais para umas do que para outras, mas por uma questão de boa fé (aqui entra um adjectivo para a fé) não se fala quem as fornece e quem as pede;- a Ucrânia, por qualquer razão ainda não explicada, está sempre a pedir( quem pede é o mendicante-mor) mais armas, muitas armas e as mais modernas e letais, o que não corresponde a uma questão de fé, porque se o fosse não precisava mais do que ficar sentado, numa das esplanadas de Kiev, em amena cavaqueira com alguns dos seus contemporâneos, a falar de teatro ou de outras coisas de que soubessem e gostassem de falar; a guerra, lá longe da esplanada se iria resolvendo, com mais ou menos mortos, sem pressas, tanto mais que já decidiu, de boa fé, que a guerra é para ser travada até ao último ucraniano;- esta sede de armas, muitas e boas, leva os ocidentais que, de boa fé, se vão dizendo seus amigos (do ucraniano-chefe) e lhe vão prometendo todas as que ele precisar, o ensinam a usá-las (aos que vão usá-las, claro) e a delas cuidar e se não cuidar bem delas que não seja de má fé e tudo fica bem;- e aí temos os ocidentais "amigos" numa azáfama de reuniões a fazerem o balanço das armas que têm e das que vão ter que fabricar para que nada falte ao necessitado filho zeloso da Ucrânia;- entretanto inventam mais umas quantas formas de descascar o outro interveniente, na tentativa de que o povo, na penúria, se revolte e deponha o inimigo público número um dos ocidentais;- o grande guerreiro da OTAN e o seu chefe máximo, um tanto senil, vão afirmando, de boa fé, de que não têm nada a ver com o que se passa na Ucrânia e alguns fingem que acreditam e os que digam que não acreditam cai-lhe o "Carmo e a Trindade" e são deixados nos escombros da derrocada:- de Paz nenhum fala, talvez por terem fé que tudo se resolva sem necessidade de falar e muito menos fazer algo para que a guerra tenha o seu fim! Gente de Fé!
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