O AVÔ JOAQUIM

O AVÔ JOAQUIM REIS CAÇOTE, PAI DE MINHA MÃE E MAIS DUAS FILHAS E UM FILHO, EMIGROU PARA O BRASIL NA PRIMEIRA DÉCADA DO SEC.XX, POR MOTIVOS QUE NUNCA TERÃO FICADO MUITO CLAROS, MAS QUE EU ADOPTEI COMO MEU IDOLO NA INFÂNCIA! COMO O NÃO CONHECI, A MINHA HOMENAGEM A ESTE PARENTE, É DEDICAR-LHE TUDO O QUE VOU FAZENDO NO CAMPO DAS ARTES! REIS CAÇOTE, É O PSEUDÓNIMO DE JOSÉ CASSIANO MONTEIRO!

terça-feira, 21 de setembro de 2021

Texto de Adriano Mixinge, jornalista e escritor angolano

 


ADRIANO MIXINGE

  • Jornal de Angola
  • 24 Apr 2018
  • Adriano Mixinge * * Historiador e Crítico de Arte

Bestiário do intelectual angolano

Com um drone à procura de água e campos para cultivar, no nosso país está, hoje, o intelectual desencantado: testemunhou o fim da utopia, assistiu ao florescimento da corrupção, aderiu ao silêncio cúmplice e viu o desgaste da moral na sociedade angolana.

O balanço dos últimos sessenta anos, em Angola, é estarrecedor: o intelectual passou de ser revolucionário a ser irrelevante, de guia a indíviduo acanhado, de laico e marxista a religioso e obscurantista, de útil a parasita, de clarividente a manipulador, de orgânico a contestatário, de vital a inerte, de patriota a diaspórico e com dupla nacionalidade. Para não sucumbir, decidiu adorar a ciência para garantir o seu sustento.

Doze animais, - o camaleão, o rato, o pirilampo, o caracol, a lebre, o avestruz, o cão, o pássaro, o cágado, o papagaio, o porco e, porventura, o homem- são, pois, parte do bestiário que me ajuda a explicar o papel que os intelectuais foram e vêm desempenhando, na história de Angola. Alguns nem intelectuais são, porque não se dedicam às coisas do espírito e à reflexão séria, mas, se projectam como tal.

Em finais do século XIX houve, em Angola, um intelectual humanista preocupado com o cidadão consciente, autóctone, livre pensador e activista político nativista à altura das suas circunstâncias. Depois vieram o intelectual-camaleão, próprio do tempo colonial, e o intelectual-rato de biblioteca, que juntar-se-iam aos movimentos de libertação nacional, transformados em pirilampos. Ambíguos, versatéis e estudiosos, os intelectuais do fim do período colonial desejavam uma coisa e, em parte, o seu contrário, queriam a independência nacional, mas trabalhavam para as instituições coloniais, identificamse com os autóctones, mas eram colonos.

Os que conseguiram unir-se aos movimentos de libertação nacional estabeleceram uma ruptura decisiva, na luta anti-colonial: são os intelectuais-pirilampo. Ex-estudantes do liceu e ou da universidade, a maioria frequentou a Casa dos Estudantes do Império, outros andavam na rede da clandestinidade urbana, em Luanda, e não nos podemos esquecer dos que sairam dos seminários e das igrejas, todos converteram-se em guerrilheiros, à volta deles criou-se uma aura.

À margem do intelectual-pirilampo esteve, também, o intelectual-caracol: enrolado sobre si mesmo, casmurro por convicção e maniqueísta por educação.

Depois da Independência, apareceram o intelectual-lebre e o intelectual-avestruz: são os intelectuais orgânicos, militantes de partidos políticos. Quando eram mais adiantados que as massas actuavam como as lebres e depois, quando as teias de aranha os impediam de ver com olhos críticos os processos sociais, viraram avestruzes. Os totalitarismos de esquerda para eles não existiam. Eles assumiram ideologias de esquerda ou de direita, acomodaram-se, passaram a entender a política como um modo de vida.

Quando o muro de Berlim caiu, o intelectual angolano que viveu dos anos sessenta e chegaria até princípios dos anos noventa do século XX, que antes fora rato, pirilampo, lebre e avestruz, virou intelectual-cão: de cultura enciclopédica, sabia latim, falava alguma língua nacional e várias línguas europeias. Mas, nós vimo-lo a andar a pé na cidade, com os calçados empoeirados e com ponta deformada. Isso foi o que aconteceu com os que não enveredaram pela política: terminaram abandalhados pelo sistema.

A guerra continuou pouco mais de uma década e recomeçou, então, a vaga de exilados, que fez o surgimento do intelectualpássaro: faz parte da diáspora, desenvolve os seus trabalhos fora, nos circuitos comerciais e académicos ou entra e sai de Angola, a seu bel prazer. Parcial ou totalmente desconhecidos, ostracizados por aqueles que deviam promovê-los, muitos são lidos por todos, de outros não sabemos o que publicam. Neles reside parte da esperança no amanhã.

Nos últimos quinze anos, um grupo muito reduzido de intelectuais “enriqueceu” material e espiritualmente, “camuflado” em qualquer outro ofício: trabalham por vocação absoluta e são o germe do “intelectual humanista”, que ressurgirá ao lado do cidadão consciente. Mas, o que escandaliza é a aparição de três outros tipos de intelectuais: o intelectual-papagaio, que passa a vida a repetir lugares comuns, o intelectual-porco, que se chafurda em todas águas e pensa que sabe tudo, e o intelectual-cágado, que é um mandrião e finório. Estes intelectuais não têm feito quanto deviam para, com conhecimento, inteligência e imaginação, catalizar as transformações sociais, políticas, económicas e culturais de que a sociedade precisa.

Sem perder a esperança num amanhã diferente, o intelectual outrora desencantado está, hoje, a sobrevoar com o drone as zonas virgens e as mais belas paisagens deste país: ele está convencido que, com a força da juventude e dos que continuam a trabalhar com rigor, podemos construir um país melhor.


COMENTÁRIO QUE NÃO CONSEGUI ESCREVER NO ESPAÇO PRÓPRIO E FOI ENVIADO POR MESSENGER PARA, Martinho Junior:

Como normalmente faço, antes de emitir opinião(o que não é o mesmo que impôr razão)sobre o que seja, neste caso a nota de Julho, no JORNAL DE ANGOLA, do jornalista e escritor, doutor Adriano Mixinge, que não conheço, fui tentar saber algo que me ajudasse a saber o minimo de tão ilustre cidadão! Ilustre é de minha autoria, responsabilidade e respeito, através do Google.Li o artigo do JORNAL DE ANGOLA, sobretudo depois de ler a introdução ao texto, que não cito, naturalmente!Tentei comentar o texto no corpo do próprio JORNAL, seria, como lá esta anotado, o 1º comentário, o que achei estranho! Entrei com o email exigido, mas foi rejeitado por "os dados estarem errados"! Entrei com o 2º gmail e a resposta foi igual " dados errados"! Através do Sapo e provando que não era um robot na quadricula apresentada, mesmo assim não resultou!Desde há uns tempos a esta parte não consigo escrever uma única palavra no espaço destinado aos comentários, desde que o tema a comentar tenha a ver com alguns países, organizações e até algumas pessoas! Mudei de computador por achar estranho que me suceda o que não sucedia antes e mais estranho ainda por ter estado bloqueado durante 30 dias, bloqueio que terminou no dia 15 deste Serembro!Vamos ao texto do doutorado, Adriano Mixinge:- nasceu cerca de 5 anos depois de eu ter deixado Angola, fisicamente, porque intelectualmente a ela continuo ligado ( há coisas que nos sequestram ad eternum e Angola, Luanda, é um sequestro de que gosto ser refém!)! O mesmo parece que não sucede com o ilustre cidadão, Adriano Mixinge, lá terá suas razões, como eu tenho as minhas!- 6 anos depois de seu nascimento, deu-se o 25 de Abril em Portugal, de que não irei falar, naturalmente e, devido a ele ou em consequência dele, terminou o regime ditatorial e foi iniciado o processo de descolonização, sendo um dos 3 D's que o MFA incluia no seu programa, embora criança, o doutror Adriano Mixinge deve ter já lido, mesmo que se não recorde do que leu! Assistiu à descolonização de certeza, mas era juvenil e é natural que não a tenha vivido: assistir é diferente de viver, aqui devemos estar de acordo!- com o 25 de Abril mudaram as relações estre os Povos e uma das formas de se relacionarem foi a criação das Associações de Amizade, com vários países, nomeadamente a Associação de Amizade Portugal-Cuba, cujo iniciador, se não estou em erro, foi um dos maiores homens do teatro em Portugal, Rogério Paulo; eu fiz parte do nucleo de Leiria, também com um homem do teatro, Miguel Franco e outros, que ainda vivem, o Miguel Franco não.- também se deram intercâmbios culturais, à margem do Erasmus, com muitos estudantes irem fazer sua formação noutros Países, nomeadamente nos Países da ex-URSS!Deve ter sido numa dessas modalidades que o cidadão, Adriano Mixinge foi frequentar a Universidade Cubana! Muitos outros o foram, talvez com não tanto sucesso pós licenciatura como o doutor Mixinge, mas esse é um assunto que não é linear e nem sempre depende da capacidade de cada um: há portas que se abrem de par-em-par para uns e nem sequer se entreabrem para muitos! É a vida, na sua mais ampla expressão! - O que me parece estranho (fica mesmo estranho!) é que o doutor tenha percebido, neste ano de 2021, ano que rem sido fabuloso em termos de mudança, ou talvez por isso não devia parecer-me estranho, que o doutor Adriano Mixinge tenha encontrado a razão da sua relação com Cuba, não com o Povo cubano, mas com os que lhe iluminaram o caminho: os citados que eu não cito, mas cito outros, Ana Maria Payá e seus financiadores, mais uns quantos youtubers, todos radivados em Miami, o que não é por acaso!Para terminar: faz-me lembrar o negócio dos submarinos entre os EE UU , o REINO UNIDO e a Austrália, que o presidente francês, Macron, achou ter sido agredido com uma punhalada pelas costas! Será esta a conclusão a tirar, uma conclusão de baixo nivel, da que adoptou em relação a quem o ensinou a viver com sabedoria mas pouco talento? Vamos aprecianso o que se segue! Na ONU deve estar a discutir-se tudo isso, incluindo o bloqieio a Cuba que já a CELAC discutiu ba sua 6ª cimeira na cidade do México!Era o que queria publicar, ou no JORNAL DE ANGOLA ou na publicação do Facebook!

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