domingo, 26 de março de 2023

Em Moscou, Xi e Putin sepultam a Pax Americana Pepe Escobar [*] Xi e Putin em Moscovo.

 CASTELO MELHOR, AMIGO@S & ARREDORES !

Jose Monteiro 1 min 
Tinha já ouvido e visto, via TV 247, brasileira a descrição de Pepe Escobar, com as quase crónicas falhas de voz e imagem, que o apresentador Leonardo designa por "travagem" e é o melhor que faz, embora a mim pareça muita coincidência que tais "travagens" coincidam com momentos específicos da narrativa!
Pepe Escobar e a sua longa experiência destas coisas da geopolitica são um espectáculo só por si! Caiem bem as gargalhadas que não evita!
Este texto, agora sem "travagens" fez-me muito bem, depois da leitura, ainda incompleta, do trabalho em livro do autor António Avelãs Nunes e a valiosa prestação do general Carlos Branco, a quem o autor não poupa agradecimentos!
Embora pense que o Imperialismo não vai nunca atirar a toalha para o ring e dar por perdido o combate (seriam muitos fracasssos em tão curto espaço de tempo), estou convencido de que grandes mudanças esperam o mundo e mudanças para melhor, sem ser perfeito!
A economia dos EE UU está a ceder à demagogia e à violência que o Pentágono lhe impõe! O mesmo está a suceder com a Alemanha, onde o maior banco e motor da economia alemã está a mergulhar na fossa lodosa em que se deixou cair ao ceder, servilmente, às imposições dos EE UU e da NATO!
Vamos seguindo! Que a onda do bem multipolar arraste para bem longe a do mal unipolar!🙏🙏🙏🙏🙏🙏🙏🙏🙏🙏🙏
Em Moscou, Xi e Putin sepultam a Pax Americana
Pepe Escobar [*]
Xi e Putin em Moscovo.
O que acaba de acontecer em Moscou foi nada menos que uma nova Yalta, que, incidentalmente, localiza-se na Criméia. Mas, diferentemente do portentoso encontro do Presidente dos Estados Unidos Franklin Roosevelt, do Líder Soviético Joseph Stalin e do Primeiro-ministro britânico Winston Churchill, na Criméia governada pela URSS, em 1945, esta, possivelmente, é a primeira vez em cinco séculos em que nenhum líder político ocidental participa da formulação da agenda global.
É o Presidente chinês Xi Jinping e o Presidente russo Vladimir Putin que agora comandam o espetáculo multilateral e multipolar. Os excepcionalistas ocidentais podem empregar suas táticas lamurientas o quanto quiserem e bem entenderem: nada irá alterar a ótica espetacular e a substância subjacente dessa ordem mundial sendo desenvolvida, especialmente para o Sul Global.
O que Xi e Putin pretendem fazer foi explicado em detalhes antes da cúpula, em dois editoriais de autoria dos próprios presidentes. Tal como um balé russo altamente sincronizado, a visão de Putin foi expressa no People’s Daily, da China, focando uma "parceria rumo ao futuro", enquanto a de Xi foi publicada na Russian Gazette e no website RIA Novosti, tratando de um novo capítulo na cooperação e no desenvolvimento.
Desde o início da cúpula, as falas de Xi e Putin levaram a turma da OTAN a um frenesi histérico de ira e inveja: a porta-voz do Ministério de Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, captou à perfeição o clima reinante, ao observar que o Ocidente "espumava de ódio".
A primeira página da Russian Gazette de segunda-feira foi icônica: Putin visitando Mariupol, agora livre de nazistas, conversando com moradores, lado a lado ao editorial de Xi. Essa, para resumir, foi a sucinta resposta de Moscou à treta do MQ-9 Reaper e à farsa do tribunal espúrio da Corte Penal Internacional: "Espumem de ódio" o quanto quiserem, a OTAN vem sendo vergonhosamente humilhada na Ucrânia.
Em seu primeiro encontro "informal", Xi e Putin conversaram por nada menos que quatro horas e meia. Ao final, Putin, em pessoa, acompanhou Xi à sua limusine. Essa conversa tratou do cerne da questão: o mapeamento dos contornos da multipolaridade – que começa com uma solução para a Ucrânia.
Como seria previsível, os sherpas deixaram vazar muito pouco, mas um desses vazamentos foi bastante significativo, tratando de sua "conversa de grande profundidade" sobre a Ucrânia. Putin, em termos muito corteses, ressaltou que respeita a posição da China – expressa no plano de 12 pontos para a resolução do conflito, que foi totalmente rejeitada por Washington. Mas a posição russa continua blindada: desmilitarização, neutralidade da Ucrânia e formalização dos novos fatos territoriais.
Paralelamente, o Ministério das Relações Exteriores russo descartou por completo a participação dos Estados Unidos, do Reino Unido, da França e da Alemanha nas futuras negociações sobre a Ucrânia: esses países não são vistos como mediadores neutros.
Uma colcha de retalhos multipolar
O dia subsequente foi para tratar de negócios: tudo, desde energia e cooperação "militar-técnica" até o aperfeiçoamento da eficácia do comércio e dos corredores econômicos que cortam a Eurásia.
A Rússia já é a maior fornecedora de gás natural para a China, superando o Turquemenistão e Catar. A maior parte desse fornecimento segue pelo gasoduto Power of Siberia, de 3000 quilômetros de extensão, que vai da Sibéria até a província de Heilongjiang, ao nordeste da China, inaugurado em dezembro de 2019. As negociações relativas ao gasoduto Power of Siberia II, que atravessa a Mongólia, estão avançando em ritmo acelerado.
A cooperação sino-russa em alta tecnologia aumentará exponencialmente: 79 projetos com investimentos de mais de 165 mil milhões, cobrindo tudo desde gás natural liquefeito (GNL) até construção aeronáutica, de máquinas-ferramenta, pesquisa espacial, agroindústria e corredores econômicos aperfeiçoados.
O presidente chinês declarou explicitamente que pretende ligar os projetos da Nova Rota da Seda à União Econômica Eurasiana (UEEA). Essa interpolação ICR-UEEA é uma evolução natural. A China já assinou um acordo de cooperação econômica com a UEEA. As ideias do hiperestrategista macroeconômico Sergey Glazyev finalmente estão dando frutos.
E por último, mas não menos importante, os pagamentos mútuos em moedas nacionais ganharão novo impulso – e também entre Ásia e África, e América Latina. Para todos os fins práticos, Putin endossou o papel do yuan chinês como a moeda comercial preferencial enquanto procedem as complexas discussões sobre uma nova moeda de reserva lastreada no ouro e/ou commodities.
Essa ofensiva conjunta econômico-empresarial conecta-se com a ofensiva diplomática articulada entre Rússia e China, visando a reconfigurar vastas regiões do Oeste Asiático e da África.
A diplomacia chinesa funciona como uma matryoshka (as bonecas encaixadas russas) em termos de comunicar mensagens sutis. Não é de modo algum uma coincidência que a viagem de Xi a Moscou tenha coincidido exatamente com o 20º aniversário da Operação 'Choque e Terror' e da invasão, ocupação e destruição ilegais do Iraque.
Paralelamente, mais de 40 delegações da África chegaram a Moscou um dia antes de Xi, para participar da conferência parlamentar "Rússia-África no Mundo Multipolar", em preparação para a segunda cúpula Rússia-África a ter lugar em julho próximo.
A área ao redor do Duma se assemelhava aos dias do antigo Movimento Não-Alinhado (MNA), quando a maior parte da África mantinha relações anti-imperialistas muito próximas com a URSS.
Putin escolheu esse exato momento para perdoar a dívida africana de mais de 20 mil milhões de dólares.
O Oeste Asiático, Rússia e China vêm atuando em total sincronia. A reaproximação Arábia Saudita-Irã, na verdade, foi desencadeada pela Rússia em Bagdá e Omã: foram essas negociações que levaram à assinatura do tratado em Pequim. Moscou vem também coordenando as discussões de reaproximação Síria-Turquia. A diplomacia russa com relação ao Irã – agora sob status de parceria estratégica – é mantida em uma outra linha de atuação.
Fontes diplomáticas confirmam que os serviços de inteligência chineses, baseando-se em investigações próprias, está agora plenamente convencido da ampla popularidade de Putin em toda a Rússia, e mesmo em meio às elites políticas do país. O que significa que conspirações de tipo mudança de regime estão fora de questão. Essa certeza foi fundamental para a decisão de Xi e do Zhongnanhai (a sede administrativa onde se reúnem membros do partido e do governo) de "apostar" nos anos vindouros, levando em conta que Putin talvez concorra nas próximas eleições presidenciais e saia vitorioso. A China sempre privilegia a continuidade.
A cúpula Xi-Putin, então, selou definitivamente a parceria estratégica ampla de longo prazo entre China e Rússia, que se comprometeram a desenvolver uma séria concorrência geopolítica e geoeconômica com os decadentes hegêmonas ocidentais.
Esse é o novo mundo nascido em Moscou nesta semana. Putin, anteriormente, o havia definido como uma nova política anticolonial. Agora ele se coloca como uma colcha de retalhos multipolar. Não há volta possível na demolição dos remanescentes da Pax Americana.
'Mudanças que não aconteceram em 100 anos"
Em Before European Hegemony: The World System A.D. 1250-1350 (Antes da Hegemonia Europeia: O Sistema Mundial em 1250-1350 AD), Janet Abu-Lughod construiu uma narrativa cuidadosamente montada para mostrar a ordem multipolar que prevalecia quando o Ocidente "era mais atrasado que o Oriente". Mais tarde, o Ocidente "só conseguiu tomar a dianteira porque o 'Oriente' estava temporariamente desorganizado".
Talvez estejamos assistindo o início de uma transição igualmente histórica, trespassada por uma renascença do confucionismo (respeito pela autoridade, ênfase na harmonia social), o equilíbrio inerente ao Tao e o poder espiritual da Ortodoxia Oriental. Trata-se, de fato, de um embate civilizacional.
Moscou, dando por fim boas-vindas aos primeiros dias ensolarados da primavera, ofereceu, esta semana, uma espetacular ilustração de "semanas quando décadas acontecem", comparadas a "décadas quando nada acontece".
Os dois presidentes se despediram de forma comovente.
Xi: "Vemos agora mudanças que há cem anos não acontecem. Quando estamos juntos, damos impulso a essas mudanças".
Putin: "Concordo".
Xi: "Cuide-se, caro amigo".
Putin: "Tenha uma boa viagem".
Saudações ao novo dia que nasce, das terras do Sol Nascente às estepes eurasianas.
22/Março/2023
[*] Analista geopolítico.

quarta-feira, 8 de março de 2023

Vitor Mineu 5 h · via António Jorge A terceira guerra mundial já começou (2) - Daniel Vaz de Carvalho [*] Imagem: Sanções, cartoon.

 

via António Jorge
A terceira guerra mundial já começou (2)
- Daniel Vaz de Carvalho [*]
Imagem: Sanções, cartoon.
3 - Uma guerra existencial para os contendores
O drama desta guerra, para além dos dramas de todas as outras guerras, é que se tornou existencial para ambos os contendores.
Quando no Kremlin foi decidida a "Operação Militar Especial" (OME), é possível que não antecipassem que essa intervenção iria colocar as duas superpotências nucleares numa situação que se transformaria num confronto existencial: para a Rússia como Estado uno e soberano, conforme Putin expressou no seu discurso de 21 de fevereiro de 2023, "Eles planeiam liquidar-nos de uma vez por todas. Por outras palavras, eles planeiam transformar um conflito local num confronto global. É assim que entendemos e responderemos de acordo, porque isso representa uma ameaça existencial ao nosso país".
Os russos não esquecem os efeitos do capitalismo após a dissolução da União Soviética. Em 1990, mesmo após uma década de sabotagem económica, o Índice de Desenvolvimento Humano da URSS, segundo os critérios da ONU, era de 0,92, o 25º maior no mundo. Em 2019, a Rússia estava em 52º lugar muito longe da prosperidade que o ocidente havia prometido. Quanto à Ucrânia, o golpe de 2014, ainda mais agravou a situação, passando de 83º lugar para 88º em 2018. Em 2022, nenhuma das antigas repúblicas soviéticas havia recuperado seu nível de 1990. Mesmo meses antes de dissolução da URSS, os cidadãos soviéticos desfrutavam de maior prosperidade do que depois da sua "libertação" em que os capitalistas do ocidente puderam saquear o país. [1]
"Na Rússia, pelo menos cinco milhões de mortes adicionais devido à fome, falta de assistência médica, dependência de drogas, privações, ocorreram entre 1991 e 2001. Mas houve algo de que estes países “beneficiaram”: universidades fundadas com subsídios da USAID, fundos dos EUA e da UE. A orientação destas faculdades era abertamente pró-ocidente, com ligações a “grupos de reflexão” nos EUA e outros países da NATO. A Open Society Foundation, apoiada por Soros, criou dezenas de novas universidades no leste e produziu livros didáticos para escolas primárias e secundárias. Entre seus ex -alunos estão presidentes, membros de Parlamento, inúmeros burocratas, líderes de grupos neonazis como o Azov.
Tudo isso foi posto ao serviço de guerra contra o comunismo, sendo particularmente irónico o furor anticomunista de George Soros que obteve enormes lucros saqueando a antiga União Soviética. [1]
Quanto aos EUA, veem a Rússia aliada à China, como uma grave ameaça à sua hegemonia global, ao “modo de vida” das suas oligarquias dominantes. O dólar, um dos alicerces sobre o qual se baseia esta construção, está em risco de chegar ao fim do seu domínio. Cinco projetos ameaçam a hegemonia do dólar encaminhando o mundo para a desdolarização. As fragilidades da sua economia, endividada, desindustrializada e altamente dependente do exterior em bens e matérias-primas, são evidentes. Segundo um relatório de 2021 do Departamento de Energia, "dos 35 minerais identificados como críticos (...) os Estados Unidos carecem de produção doméstica de 14 e são mais de 50% dependentes de importações para 31".
Para manter a hegemonia, os EUA gastam 768 mil milhões de dólares por ano com a chamada “defesa”. Porém, levando em conta outros gastos militares o total estará em cerca de 1 milhão de milhões. Mas os EUA, pouco mais têm para oferecer aos países, que a sua globalização neoliberal, e uma "democracia liberal"... quando possível. Produzem armas e capital fictício que passa por riqueza, na mão de um punhado de oligarcas.
A dívida federal atingiu 31,6 milhões de milhões de dólares, 120,37% do PIB. crescendo 2,3 milhões de milhões por ano. Incluindo a dívida dos Estados e locais a dívida atinge 134% do PIB. O défice da BC é de 1,2 milhões de milhões, dos quais 387,6 mil milhões com a China e 270 mil milhões de importações de petróleo.
Gastos militares dos EUA, por guerra.
Manter o império custa caro: 800 bases militares à volta do mundo, 7 esquadras navais e 13 porta aviões. Há ainda que financiar “combatentes pela liberdade” (mesmo que a sua atividade seja o terrorismo), os que lutam “pela democracia” (mesmo que não passem de sucedâneos nazis e notórios corruptos), financiar a CIA e o seu universo de ONG. Acrescente-se o ininterrupto fornecimento de armas à Ucrânia e dinheiro para manter um Estado fantoche. Só a ajuda militar excede em média anual a gasta com a guerra do Afeganistão.
A quase totalidade dos países do “ocidente”, têm dívidas que nunca poderão ser pagas, mostrando que do ponto de vista financeiro e industrial, não poderão manter um clima de conflitos políticos e militares de longa duração, mesmo limitados, com potências como a Rússia ou a China, sem provocar o descalabro dos seus próprios sistemas económicos e sociais, sendo improvável manter a passividade das populações com base em propaganda desligada dos factos.
O ocidente – ao qual pertencemos – afunda-se económica, social e politicamente. A guerra na Ucrânia, evidenciou os limites do império e traçou para o mundo um rumo diferente em que a Rússia e a China assumem protagonismo em iniciativas económicas e políticas (Cinturão e Rota da China, Organização de Cooperação de Shangai, União Económica Euroasiática, BRICS) e aceleram a criação de um sistema de pagamentos comum, desafiando o sistema monetário do ocidente. A cooperação comercial e económica entre a EAEU e os BRICS aumentou 1,5 vezes no primeiro semestre de 2022.
É evidente que o plano de submeter a Rússia económica e politicamente falhou. Governos que representam 85% da população mundial recusaram-se a seguir as sanções impostas pelos EUA e seus aliados, apenas países que representam 15% da população mundial as seguem.
As exportações russas mantêm-se, o aumento dos preços compensa algumas descidas. O saldo comercial da Rússia foi de 370 mil milhões de dólares em 2022 contra 190 mil milhões em 2021. É agora evidente que sem a Rússia e seus recursos não é possível assegurar um crescimento económico global.
A Rússia promoveu com êxito, a substituição de importações e a passagem de empresas dos EUA ou da UE, obrigadas a sair devido às sanções, para o Estado russo ou participadas. Pensavam os brilhantes estrategas ocidentais, que lidavam com um país do chamado terceiro mundo e a economia russa cairia no caos. A Rússia aproxima agora o funcionamento da sua economia do sistema da China combinando o mercado, com um papel determinante do Estado, aumentando as competências nos diversos ramos industriais e militares.
Na Europa do ocidente, desindustrialização, crise económica e financeira, são as consequências de seguirem a voz do dono. Neste processo a sabotagem do gasoduto Nord Stream 2, executada pelos EUA, agrava a competitividade da UE, a começar pela Alemanha, cedendo perante a China e a Rússia. Como meros vassalos, Alemanha e França tornaram-se parceiros menores na NATO, cujo o eixo fundamental está agora em Londres e Varsóvia.
O problema é que o ocidente, incapaz de inverter a via do seu próprio declínio, avança para o abismo de um guerra mundial.
A Rússia faz-lhe frente, tomou a decisão de aumentar os efetivos das Forças Armadas para 1,5 milhão de militares e estão operacionais “super armas” como o Poseidon e o Sarmat, que entrou em produção acelerada.
Este armamento não tem que ver com a guerra na Ucrânia, é a preparação para uma guerra total com os EUA/NATO, caso o império decida ultrapassar as linhas vermelhas traçadas pelo Kremlin: ataques que ponham em causa a segurança e soberania do Estado e infraestruturas estratégicas.
4 – Os “sete inefáveis” e o dilema do mundo unipolar [1]
É espantoso como os estrategas ocidentais ficaram longe de prever o que veio a acontecer. Um novo centro geopolítico, económico e militar, foi criado centrado-se na Rússia, China e Irão. O Irão é um país rico em matérias-primas, populoso de 87 milhões de habitantes e com um poder militar que contém os seus inimigos. Este bloco vai agregando em relações económicas e políticas terceiros países que se afastam das estratégias ocidentais.
Desta forma o poder global dos EUA vacila. Para travar uma guerra com adversários como a China e a Rússia é importante a disponibilidade de matérias-primas e capacidade e industrial. A parte da China com a Rússia no PIB mundial (em termos de PPP) superou a dos EUA com a Alemanha: em 2019, 20,4% contra 19,3%.
Em relação ao sector produtivo da Rússia, a França representava apenas 44,3%, a Alemanha 90,0%. Nas tecnologias mais avançadas, a China superou os EUA obtendo neste campo uma liderança que pode ser decisiva. (Intel Slava Z – Telegram, 16/01)
O plano inicial arquitetado pela Fundação Rand de esgotar e submeter a Rússia através da Ucrânia, falhou, tendo-se passado para uma guerra que a NATO tomou como sua, não importando quantos ucranianos (e mercenários ocidentais) terão de morrer, levando a Ucrânia a um monte de ruínas e a ameaça de as superpotências nucleares se envolverem diretamente em guerra.
Podem os media contar a história improvável de uma vitória ucraniana, mas a realidade impõe-se: a Rússia pode esmagar o regime imposto pela NATO em Kiev.
A questão é como irá reagir o poder hegemónico.
A hipótese de uma provocação de falsa bandeira (já várias foram tentadas) implicando a Rússia ou a Bielorrússia num ato de agressão, por exemplo na Moldávia, seria uma forma – desesperada – de alargar o âmbito da guerra.
Perante isto: afinal o que pretende a NATO? E como?
Os EUA/NATO têm bombardeado, invadido países, organizado golpes, aplicado sanções ilegais que constituiram crimes sobre os seres mais frágeis. Processos que representam milhões de mortes. No ocidente, tudo passou como justificado e normal. Eram as chamadas "guerras assimétricas" contra países empobrecidos e sem forças armadas minimamente à altura do desafio.
Custos da guerra para os EUA, segundo a Rand.
Agora é diferente. A RAND apresenta um novo estudo afirmando que uma longa guerra na Ucrânia tem consequências negativas para os EUA, em que os custos e riscos superam os possíveis benefícios. Os Estados Unidos devem estabelecer políticas que levem a guerra a uma conclusão, incluindo a oferta de alívio de sanções à Rússia ou a ameaça de cortar a ajuda financeira e material à Ucrânia. Isso induziria Kiev a buscar acordos com a Rússia, mesmo que isso inclua perda territorial.
O apoio à guerra diminui nos EUA, apenas 26% dos inquiridos acha que o seu papel deve ser maior, contra 49% menor e 24% nenhum. A principal preocupação é neste momento limitar os danos à economia, algo incompatível com a guerra na Ucrânia.
Washington e seus subordinados da NATO não têm uma estratégia consistente para vencer a guerra na Ucrânia, nem para pará-la, o auto convencimento é tão grande devido ao domínio nos media que olham para seus fantoches como representativos de todo o povo, achando que recheando de dólares alguns seus adeptos podem controlar um país. Exemplo: o caso Guaidó... ou o Navalny!
A manipulação mediática chegou ao ponto de levar muitas pessoas, que se revoltam (e justamente) contra maus tratos aos animais, considerarem que a solução para esta guerra seria: matar Putin. Claro que a sua mente não está em condições de refletir sobre o que os assassinatos de Kadafhi, Sadam (ou N. Ceausesco) trouxeram de benefício para os seus povos e para o mundo.
Infelizmente também não estão em condições de refletir sobre as prováveis consequências de um ataque à Rússia a partir de bases NATO na Europa.
Que aconteceria aos aeroportos, portos, refinarias, depósitos de combustível, instalações militares, cidades, centrais elétricas?
Os mísseis Patriot são inúteis contra os mais avançados mísseis hipersónicos russos. Claro que a Rússia não ficaria incólume, apesar da eficácia sem paralelo dos S-400 e S-500, mas também não os EUA que não têm defesas contra os Sarmat e os Poseidon.
Compare-se no entanto a extensão da Rússia com qualquer daqueles países e os meios de que dispõem. Só gente enlouquecida pode imaginar uma terceira guerra mundial como “a política por outros meios”.
Isto, como Eisntein advertiu, acabou em 1945.
Mas é com loucos que estamos lidando.
Não bastou a sabotagem das negociações de março-abril pelos EUA, quando 17 projetos de acordo entre a Rússia e a Ucrânia tinham sido preparados pelas partes, antes de o ocidente interromper as negociações. (Intel Slava Z – Telegram, 5/2)
A oposição ao prosseguimento da guerra, ou pelo menos à forma como é conduzida pela NATO, levou na Ucrânia a toda uma série de demissões, de governadores, ministros e vice-ministros.
A alegação foi corrupção, se fosse esta a razão teriam de começar pelo chefe: o fantoche Zelensky. Aquela pessoas tinham certamente relatórios sobre a confrangedora situação dos soldados e da população, mas Zelensky limita-se a cumprir o que os patrões da NATO mandam.
Cessar uma guerra horrível que se torna cada vez mais ameaçadora e destrutiva e voltar a considerar um tratado de paz e segurança coletiva na Europa, como o proposto pela Rússia em dezembro de 2021, seria a prioridade – não enviar mais armas.
Nas atuais condições, a Rússia relativamente à Ucrânia, apenas está interessada numa rendição e nos seus termos. Conforme expresso por Putin e Lavrov, a Rússia não aceita qualquer espécie de privilégio nas relações internacionais de uma nação ou grupo de nações, exigindo ser tratada em pé de igualdade, tendo em conta os seus interesses e opções políticas e sociais, que têm que ser respeitados, sem tentativas de ingerência. Nenhum plano de paz pode existir se não levar em conta a incorporação das quatro novas regiões na Rússia.
Neste momento, dificilmente haverá acordos para negociações.
O que vemos são as nuvens de uma guerra global, que se adensam com o envio pelos EUA para Taiwan de forças militares e mais armamento, renegando a posição que assumiram de a ilha fazer parte da China, procurando pretextos para a transformar noutra Ucrânia.
O mundo divide-se – perigosamente – em dois campos opostos.
A China desenvolve a sua capacidade convencional e nuclear aceleradamente, com equipamentos de última geração.
A Rússia modernizou totalmente sua tríade nuclear.
As suas fábricas de armamento trabalham seis dias semanas com três turnos: “A soberania do país será baseada no crescimento das capacidades de nossa tríade nuclear como o único garantidor confiável da soberania político-militar”. “Responderemos em conformidade, porque estamos a falar da existência do nosso país”. (Putin)
Os grandes perdedores são os povos europeus da UE/NATO.
Mas a consciência disto é limitada.
Há manifestações contra a guerra, exigindo negociações e a retirada da NATO, sem o que será impossível evitar de uma forma ou de outra uma drástica queda civilizacional nos seus países ou mesmo a sua destruição.
Os políticos do sistema mentem, dizendo que não há condições para negociar com a Rússia.
Então qual a qual a vialbilidade de o conseguirem?
E dizer que os EUA – com as ofertas de Gorbachov... – tinham todas as condições para serem líderes globais... se não fossem o que são: capitalistas e imperialistas. Por isso estamos perante uma Terceira Guerra Mundial. Só não sabemos como vai evoluir.
[1] How a Network of Nazi Propagandists Helped Lay the Groundwork for the War in Ukraine
[2] "nomes inefáveis" – seres cabalísticos, segundo as crenças demónios ou seres divinos. O que se aplica ao G7...
04/Março/2023
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Jose Monteiro
O mais acertado seria não aduzir uma só palavra ao brilhante e bem ordenado texto sobre o que, há mais de um ano, nos vem absorvendo e sempre a ficarmos revoltados com o "nada" que nos vai chegando sobre o conflito, tal foi a cortina de silêncio erguida aos meios de comunicação que não sejam os que veiculam a narrativa e que são, não uma cortina, mas um muro intransponível!
- dizia, há dias, Pepe Escobar (este mês instalado em Moscovo) que a Rússia perdeu a guerra da comunicação! E não acrescentou que é mais do que natural, censurados os seus meios mais influentes, a RT nos diversos idiomas e os canais que a tinham por base, como o AHI LES VÁ e a Sputnik! Mas mesmo que o não estivessem proibidos em todo o Ocidente, seriam sempre poucos e frágeis nos seus orçamentos se comparados com a "multidão" de televisões, jornais, e toda a influência dos 30 países que formam a NATO;
- habilidosamente e o gigantesco treino em provocar conflitos para, de seguida, deixar a fogueira ateada e bem fornecida de combustível, dizer que não tem nada a ver com os conflitos, apenas os abastece para continuar a enriquecer os grandes fabricantes das armas e outros! E o que é de espantar é que todos os conflitos se passam longe das suas fronteiras e até do seu continente, mantendo sob uma tensão permanente os vizinhos e arregimentando alguns para se instalar de forma definitiva através de bases que à vista de todos ou às escondidas vai mantendo;
- serão mais de 800 as bases militares os campos de treino que vai mantendo, pagas pelos povos que as não conseguem expulsar, mesmo assim as suas despesas com a "defesa" são maiores do que uma boa parte dos países da NATO! Não imagino eu e duvido que alguém tenha uma ideia aproximada do que resultaria de uma guerra nuclear, mesmo que a precisão dos misseis e as ogivas que transportarão atingissem, sem falhas, os pontos para que estão programados! E qual seria a dimensão dos efeitos de tal conflagração? Alguns especialistas não deixam de dizer que seria o fim e o mundo voltava à era da pedra! Ou da escuridão!
Este vídeo, que estou a ver nos tempos disponíveis trata a parte da II Guerra Mundial em que a ex União Soviética era o alvo principal a abater!
https://youtu.be/enETmqNbA08?t=4803

  • Vitor Mineu
    Jose Monteiro obrigado pela clareza de exposição, e pela veracidade que ela tem e que nos escomdem!
    • Jose Monteiro
      Bem mais gostaria de saber e dessa sabedoria tivesse alguma garantia, que normalmente não tenho e tenho que me render à evidência de que não é em um ano que vou aprender o que nem sequer tentei saber em 83 anos de vida! Não é tema que me seduza, mas é inevitável fugir ao que me rodeia e que é o caos ainda consentido! Podia falar da França para citar o que li num dos jornais quando para num café para tomar o cafezinho e comprar o pão para a caserna: são já 6 as greves este ano no País de Macron! Apenas porque discordam do aumento de 2 anos na idade da reforma!
      Mas logo me vem à idéia a confusão que foi a vaga dos coletes amarelos! Terão obtido algum resultado?
      O Macron e outros como o alemão sabem que pessoalmente podem correr alguns riscos, mas quem sofre a vida toda é o Povo, o que protesta duplamente!
      Mas a verdade é que nos entregarmos será bem mais dura a vida de amanhã!
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