segunda-feira, 30 de março de 2020

texto de Matos Serra sobre o 25de Abril...


ASSOCIAÇÃO CONQUISTAS DA REVOLUÇÃO:
APELO
Comemoramos 46 anos da Revolução de Abril - o heroico levantamento militar do Movimento das Forças Armadas, logo seguido por um amplo levantamento popular, que pôs fim a 48 longos anos de obscurantismo e ditadura fascista.
Mais do que uma data, o 25 de Abril assinala o início de um processo revolucionário protagonizado pelo povo e pelos militares progressistas que realizou profundas transformações e conquistas democráticas no nosso país – conquistaram-se liberdades e garantias, direitos políticos, económicos, sociais e culturais, afirmaram-se a soberania e a independência nacionais, que foram consagrados na Constituição da República Portuguesa.
Fazemos esta evocação num momento de enorme crise, de combate global com um inimigo invisível e traiçoeiro. Nesta luta, os portugueses têm tido, de uma maneira geral, um comportamento solidário e unido que, estamos convictos, é resultado direto, acima de tudo, das transformações que coletivamente fizemos na nossa sociedade, renovada com o 25 de Abril.
Neste momento, em que enfrentamos tão difícil crise, reafirmamos que para cumprir Abril se impõe continuar a lutar para acabar com múltiplas discriminações e injustiças sociais, ainda existentes, e que a pobreza, a desigualdade de género, a xenofobia e o racismo têm de ser combatidos e expurgados da nossa sociedade!
Para cumprir Abril é preciso impedir que sejam os trabalhadores e as pessoas mais vulneráveis a serem as principais vítimas das nefastas consequências económicas e sociais da crise provocada pela pandemia do COVID19 e, depois desta crise, é preciso continuar a combater políticas de retrocesso como a precarização das relações de trabalho e o aumento da exploração dos trabalhadores, a manutenção dos baixos salários, o ataque aos serviços públicos e às funções sociais do Estado que devem ser garantidos de forma universal, não deixando de defender o interesse nacional na política externa.
Para cumprir Abril, temos de ultrapassar as dificuldades do momento que vivemos não recuando na reposição e aumento de rendimentos e salários, na estabilidade laboral, no reforço dos serviços públicos, na garantia do direito à educação e à saúde, na garantia do acesso à fruição e criação cultural, nos direitos das famílias.
A calamidade que enfrentamos evidencia, uma vez mais, o valor inestimável do Serviço Nacional de Saúde como eixo estruturante do regime democrático, só possível graças à Revolução de Abril e que importa defender e reforçar, cumprindo-nos dirigir uma sentida e justa saudação a todos os profissionais de saúde pela sua abnegada dedicação à causa pública, tantas vezes com risco para a própria vida.
Comemorar Abril é convergir na defesa dos valores de Abril, na defesa da liberdade, da democracia, da reposição e conquista de direitos e rendimentos, do desenvolvimento de políticas para uma mais justa distribuição da riqueza, da construção de uma sociedade inclusiva, caminho que só é possível ultrapassando os constrangimentos impostos a um desenvolvimento nacional sustentável e soberano.
Comemorar Abril é convergir para cumprir valores da cooperação, da Paz, da solidariedade, da não ingerência e pela solução pacífica dos conflitos internacionais, afirmando a conceção universalista do Povo Português de amizade com todos os povos do mundo, e em particular, com os povos de língua oficial portuguesa.
O Mundo vai transformar-se, Portugal vai transformar-se, a nossa luta neste momento terá de ser no sentido de, vencida esta calamidade, como confiamos que vamos vencer, conseguirmos continuar a aperfeiçoar o Portugal de Abril, com mais Liberdade, com Paz, com Democracia, com Igualdade, com Justiça Social, com Solidariedade, com cidadania plena, enfim, um Portugal com cidadãs e cidadãos mais Felizes!
Este ano, para evocar estes 46 anos de Liberdade, Paz, Democracia, Solidariedade e Justiça não vamos poder manifestar-nos nas ruas, mas vamos todos juntos comemorar Abril!
Não sendo possível a realização do Desfile na rua, a Comissão Promotora das Comemorações Populares do 25 de Abril apela a todo o País para que no dia 25 de Abril, às 15 horas:
Se faça uma pequena pausa, dentro do possível, pois não se podem parar algumas atividades (nomeadamente as de prestações de cuidados de saúde);

Os meios audiovisuais da comunicação social - Televisões, Rádios - transmitam a "Grândola, Vila Morena";
As cidadãs e os cidadãos, onde quer que se encontrem - a maioria, em casa, vá às janelas e varandas e cantem a "Grândola, Vila Morena".

Cordiais saudações,
A Direcção

Artigo de Eduardo Prado Coelho, sobre Luis Delgado


O estranho caso de Luís Delgado

Émais um cronista e um administrador de jornalistas do que um jornalista propriamente dito. Nunca o vi fazer uma reportagem ou uma entrevista. Começou a ganhar alguma presença com uma coluna no Diário de Notícias correspondendo ao ponto de vista da direita mais convictamente liberal. Era, e é, uma coluna previsível. Luís Delgado aparece como um defensor da mais conservadora (no sentido amplo do termo) doutrina americana. Em determinada altura, assumia as funções de porta-voz, e, quando Bush começa a exercer o poder, escreve como se tivesse recolhido as suas confidências da véspera. Fala como se estivesse no segredo dos deuses - mas que deuses! Conhece números que só ele conhece.De repente, deu-se uma metamorfose. Onde havia um discreto comentador, capaz de falar sobre as eleições americanas mas também sobre o euro, onde havia um ponto de vista que se cruzava com muitos outros, surge um potentado da imprensa portuguesa, com o mundo a seus pés. Ele é Lusa, grupos de imprensa, projectos de aquisição, retratos na comunicação social. O resultado foi um processo de comentarite aguda.
A gente acordava, ligava o rádio e lá estava Luís Delgado. A gente comprava o jornal e lá tinha a crónica de Luís Delgado. A gente ouvia um debate ao fim da tarde, e lá tínhamos, incansável e insone, a voz de Luís Delgado. A gente esperava um confronto no noticiário na televisão e Luís Delgado já tinha chegado. A gente adormecia, exausta, com a voz incessante de Luís Delgado, certa de que no dia seguinte lá teríamos a presença de Luís Delgado. Este homem não dorme, não descansa, não faz uma sesta, não vai a um cinema? Aparentemente, não. Indómito samurai da imprensa portuguesa, cultiva o ascetismo: é uma espécie de monge da palavra escrita e da administração de empresas. Como se os seus deuses tutelares estivessem sempre do lado de lá do telemóvel a enviar mensagens que são ordens: agora diga isto, agora digo aquilo. Na inequívoca "direitização" dos comentadores portugueses, em que Mário Bettencourt Resendes aparece como um homem de extrema-esquerda, um radical da política, Luís Delgado era o centro, a luz da evidência, o lugar de equilíbrio, o alfa e o ómega. Tudo isto ganhou o seu máximo esplendor nos tempos de Santana Lopes, embora já tivesse começado com a direita de Durão Barroso.
Na noite eleitoral, nesse estendal de desastres em torno de Santana Lopes, Luís Delgado ainda tentou dizer que as primeiras freguesias eram dos pardais, mas que depois é que íamos ver. Vimos, e ele próprio viu. Tivemos, mais tarde, um momento de extrema densidade dramática. Luís Delgado despiu a máscara que ele parece supor ser do comentarista neutro, e disse que ia falar do amigo, o Pedro. Porque o Pedro era uma vítima. E então veio a grande tese: era uma vítima de quem? De Durão Barroso, que tinha mentido ao Pedro e ao país. Sentimos a voz embargada pela emoção e tivemos direito em voz e em escrita a uma espantosa condenação daquele que tinha, num momento de precipitação, feito de Santana Lopes o nosso primeiro-ministro.
Nos últimos dias, sentimos a tristeza de Luís Delgado. Teve o seu quarto de hora de glória, parece estar a amarelecer. Já não aparece, já não comenta, já não tem música na voz. Vai-nos fazer muita falta. Professor universitário

SEGURANÇA DE ALTOS COMANDOS, NOVO LUGAR




Uma reportagem exclusiva publicada pela revista americana Newsweek revela os planos ultra-secretos do Exército dos EUA e sua agenda a ser implementada caso o novo coronavírus, conhecido como COVID-19, prejudique o governo do presidente dos EUA, Donald Trump.
Embora o magnata de Nova York tenha alegado ter testado negativo para o coronavírus, a pandemia alimentou temores de que setores importantes do Poder Executivo ou mesmo do Congresso e da Suprema Corte dos EUA possam ficar inabilitados.
Diante de tais preocupações, de acordo com o relatório, o Exército planeja implementar seus planos com o objetivo de garantir a “continuidade do governo”, entre os quais a evacuação de Washington DC. (Capital dos EUA) e “delegar” a liderança a funcionários de segundo nível, em locais remotos e em quarentena.
Os ideólogos desses planos estão se preparando para “circunstâncias extraordinárias” e os cenários de desastre considerados consistem na possibilidade de uma situação de violência generalizada em nível nacional como resultado da escassez de alimentos após a nova pandemia de coronavírus.
Já existem planos de contingência ultrassecretos para o que os militares devem fazer se todos os sucessores constitucionais estiverem incapacitados. Além disso, mais de três semanas atrás, foram emitidas ordens para preparar esses planos, não apenas para proteger Washington, mas também para estar pronto para a possibilidade de alguma forma de lei marcial.
De acordo com a nova documentação que veio à tona e as entrevistas dadas por especialistas militares, os planos, nomeados com os códigos do Octagon, do Freejack e Zodiac, são leis clandestinas para garantir “a continuidade do governo”.
De fato, eles são tão altamente secretos que, sob esses planos extraordinários, a “transferência de poder” que poderia contornar as disposições constitucionais sobre esse assunto e os comandantes militares poderiam ser encarregados de todos os EUA.
O país que mais preocupa em todo o continente americano são os EUA, já que registra 14 250 casos positivos e 205 mortes por COVID-19, segundo dados fornecidos na sexta-feira 20/03.
À medida que o número de pessoas infectadas nos Estados Unidos aumenta, uma agência governamental que luta contra o novo coronavírus alerta que a pandemia pode durar 18 meses ou mais e pode incluir várias ondas, causando uma escassez geral que pressionaria consumidores e sistema de saúde do país.
Depois de semanas minimizando a gravidade do novo coronavírus e zombando das preocupações levantadas, Trump acabou declarando estado de emergência na última sexta-feira, quando a pandemia se espalhou por todo o país e os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, por iniciais em inglês) emitiu o sinal de alarme.
As autoridades de saúde dos EUA indicaram que esperam que o número de casos aumente acentuadamente nos próximos dias devido a um aumento nos testes de diagnóstico após os atrasos iniciais.

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domingo, 22 de março de 2020

médicos e enfermeiros CUBANOS para ITALIA...


domingo, 22 de março de 2020

Médicos cubanos enviados para Itália para ajudar luta contra pandemia


Uma equipa de 52 médicos e enfermeiros cubanos partiu no sábado em direção à Lombardia em resposta a um pedido de ajuda daquela região do norte da Itália, a mais afetada pela pandemia do novo coronavírus.

Segundo o governo cubano, os especialistas, qualificados e com experiência em epidemias como o Ébola, ajudarão os seus colegas lombardos, que estão a trabalhar em condições extremas e hospitais sobrecarregados pelo rápido aumento do número de casos graves.

O grupo irá juntar-se a uma dúzia de médicos chineses já na área que serão colocados num novo hospital de campo em Bérgamo, a província com o maior número de pessoas doentes.

A Itália, o país mais atingido pela epidemia, já acumulou 4.825 vítimas mortais com o coronavírus, 793 só nas últimas 24 horas, fazendo dela a nação com o maior número de mortes, acima da China, onde o surto do novo coronavírus começou no final de dezembro passado.

Esta é a sexta equipa médica cubana a sair do país, onde o governo insiste que por enquanto a situação está sob controlo, alegando que todos os casos são importados e não há contágio local.

Grupos de especialistas cubanos já estão no Suriname, Nicarágua, Jamaica e Venezuela e em breve estarão em Granada, informou o Ministério das Relações Exteriores.

Os especialistas cubanos fazem parte do Contingente Internacional Henry Reeve, criado pelo falecido ex-presidente Fidel Castro em 2005 para ajudar em situações de desastre e epidemia. O seu trabalho em cerca de 20 nações valeu-lhes um prémio da Organização Mundial de Saúde em 2017.

"Há um sentimento nacional de querer cooperar. Recebemos mensagens de voluntários dispostos a ir a qualquer lugar para ajudar nesta situação de saúde global", disse Jorge Juan Delgado, diretor da Cooperação Médica do Ministério da Saúde Pública de Cuba (Minsap) à imprensa estatal.

A cooperação médica da ilha está presente em 37 países com casos de Covid-19. De acordo com as autoridades, nenhum médico cubano foi infetado e todos estão "de boa saúde".

Notícias ao Minuto | Lusa | Imagem em Rádio Rebelde

terça-feira, 17 de março de 2020

Poema de Ezio Bosso, por Patrizia Manfredini...



Eu conheço os amanhã que nunca chegam.
Eu conheço o quarto apertado.
E a luz que falta para procurar por dentro

Eu conheço os dias que passam iguais.
Fatos de sono e dor e sono.
Para esquecer a dor

Eu conheço o medo daqueles amanhã distantes.
Que parece os binóculos não são suficientes.

Mas estes dias são aqueles para lembrar
Coisas boas feitas
As fortunas vividas
Sorrisos trocados que valem beijos e abraços

Estes são os dias para lembrar
Para corrigir e jogar
Sim, jogando imaginar amanhã.

Por que amanhã aquele com o sol verdadeiro chega
E vamos ter que imaginar melhor.
Para construí-lo

Porque amanhã não teremos que reconstruir
Mas construir e construindo sonhar

Por que renascer quer dizer construir
Juntos um por um

Mas agora você está em casa pensando em amanhã.

E construir é lindo
O jogo mais lindo
Vamos começar...
Ezio Bosso
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segunda-feira, 16 de março de 2020

poema de António Gedeão, por Fátima Rosa...


Maria De Fátima Rosa
“Poema do Gato”
Quem há-de abrir a porta ao gato…
quando eu morrer?
Sempre que pode
foge prá rua
cheira o passeio
e volta para trás,
mas ao defrontar-se com a porta fechada
(pobre do gato!)
mia com raiva
desesperada.
Deixo-o sofrer
que o sofrimento tem sua paga,
e ele bem sabe.
Quando abro a porta corre para mim
como acorre a mulher aos braços do amante.
Pego-lhe ao colo e acaricio-o
num gesto lento,
vagarosamente,
do alto da cabeça até ao fim da cauda.
Ele olha-me e sorri, com os bigodes eróticos,
olhos semicerrados, em êxtase,
ronronando.
Repito a festa,
vagarosamente,
do alto da cabeça até ao fim da cauda.
Ele aperta as maxilas,
cerra os olhos,
abre as narinas,
e rosna,
rosna, deliquescente,
abraça-me e adormece.
Eu não tenho gato, mas se o tivesse
quem lhe abriria a porta quando eu morresse?
(António Gedeão)
Adoro
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  • Jose Monteiro Eu não vou esquecer,não precisavas vir para a varanda miar! 👏👏👏
    A imagem pode conter: texto que diz "Traz atum."